Segundo classificação feita por cientistas políticos, o campo da direita administrará 81,9% das prefeituras, aumento de seis pontos percentuais no comparativo com 2016.
As eleições municipais de 2020 acentuaram a distribuição das prefeituras segundo a classificação ideológica dos partidos feita por cientistas políticos. O conjunto de partidos identificados como de direita ampliou o total de municípios sob sua administração, enquanto legendas de esquerda e de centro perderam espaço no comparativo com 2016.
Pelos dados, os partidos de direita passarão a comandar 81,9% dos municípios brasileiros contra 76% registrados em 2016. No campo da esquerda, o percentual recuou de 19,7% para 14,6%. A tendência de queda também ocorreu entre as legendas de centro, que representam agora 3,5% das prefeituras administradas por esses partidos. Em 2016, elas representavam 4,2%.
Metodologia
Para fazer o cálculo, o G1 considerou as classificações das posições ideológicas produzidas por uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Partidos Políticos e Sistemas Partidários da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Há diversas formas de se classificar as posições ideológicas de partidos, como as votações dos seus deputados; a identificação dos partidos feita pelos deputados; as alianças realizadas pelas legendas ou ainda composição social dos partidos.
Para identificar a posição ideológica dos partidos, os pesquisadores da UFPR utilizaram as classificações feitas por cientistas políticos. Em 2018, a UFPR aplicou um questionário para 519 cientistas e, a partir das respostas, os pesquisadores calcularam a média da posição ideológica dos partidos brasileiros. Eles identificaram posição intermediárias, como partidos de centro-esquerda, centro-direita ou mesmo posições mais distantes, como extrema-direita e extrema esquerda. Para simplificar, o G1 agrupou todos em apenas três campos.
É importante ressaltar que um determinado candidato de um partido colocado em cada espectro pode ter inclinações diferentes do campo onde a legenda está situada.
Esquerda: PSTU, PCO, PCB, PSOL, PCdoB, PT, PDT e PSB
Centro: Rede, PPS (Cidadania) e PV
Direita: PTB, Avante, SD, PMN, PMB, Podemos (PHS e PTN), MDB, PSD, PSDB, Podemos, PPL, PRTB, Pros, Patriota (PRP e PEN), Republicanos (PRB), PL (PR), PTC, PSL, DC, Novo, PP, PSC, Patriota e DEM.
Segundo os autores, quando foi realizado o levantamento, o partido Unidade Popular (UP) não tinha sido fundado. Além disso, o PRP foi incorporado ao Patriota, o PPL ao PCdoB e o PHS ao Podemos. Após a pesquisa, houve mudança no nome de algumas legendas. O PMDB virou MDB, o PPS passou a ser Cidadania e o PR agora é PL.
Força dos partidos segundo o número de moradores
A distribuição das prefeituras conquistadas por partidos de esquerda, centro e direita, considerando a população residente, mostra que o padrão se manteve. Os partidos de direita vão administrar cidades que, juntas, somam quase 83,6% da população do país. Em 2016, esse percentual era de 78%. Uma alta de 5 pontos percentuais.
O campo da esquerda perdeu espaço. Há quatro anos, administrava cidades com uma população que representava cerca de 16,5%, agora caiu para 13,6%. Comportamento semelhante nos partidos classificados como de centro. Eles comandavam cidades com 5,6% da população do país, e agora serão apenas 2,8%.