O cancelamento e a proibição das tradicionais festas de réveillon em Maceió, anunciados pelo secretário de Saúde do Estado, Alexandre Ayres, geraram discussão entre os parlamentares na Assembleia Legislativa de Alagoas.
Para a maioria dos deputados, a proibição – sob argumento de inibir o avanço dos casos de Covid-19 em Alagoas – foi classificada como “hipocrisia”, levando-se em conta as campanhas eleitorais que geraram aglomerações em todo o Estado e duraram cerca de dois meses.
O deputado Davi Maia (DEM) falou da preocupação com o prejuízo que a medida trará para o comércio, os ambulantes, os produtores de eventos, o setor turístico e sobretudo às prefeituras que investiram na realização dos eventos. “Imaginem todas essas cidades que se prepararam e agora vem o Governo do Estado dizer que não haverá mais festa”, disse o democrata. “Qual a condição política tem de se proibir a realização desses eventos que estão programados, mesmo com toda condição sanitária, mesmo com projetos baseados em estudos de universidades?”, questionou Davi Maia, fazendo um apelo ao Governo e ao secretário Alexandre Ayres para que repensem a adoção da medida.
Em aparte, o líder do Governo a Casa, deputado Silvio Camelo (PV), disse que a questão das eleições não foi uma medida adotada pelo Executivo alagoano, mas uma decisão da Justiça Eleitoral e do Congresso Nacional, e que isso contribuiu para o aumento no número de casos de Covid-19, e que a grande preocupação do Governo é em conter o avanço do vírus e evitar uma segunda onda da doença. “A preocupação primeira continua sendo com as vidas; a economia vem depois. Não é e não será fácil. Teremos que ter, nesse momento, a união do Estado e das prefeituras para que possamos continuar combatendo a pandemia”, defendeu o líder governista.
Os deputados Bruno Toledo (PROS), Gilvan Barros Filho (PSD) e a deputada Cibele Moura (PSDB), também em apartes, se manifestaram contrários à decisão do governo, seja pelos danos causados à atividade comercial, sobretudo ao turismo, seja pelo contexto eleitoral. “Pergunto-me por que esse tema não voltou aqui semana passada ou há 15 dias? Na minha região havia um decreto que proibia a aglomeração, mas em determinado momento a Justiça liberou a realização de eventos. Não existe outra palavra para definir esse momento que não seja hipocrisia, depois de uma eleição dessas, onde todos se aglomeraram, vamos agora falar em proibir os eventos e impedir as pessoas de ganharem dinheiro”, destaca Cibele Moura.
Já o deputado Léo Loureiro observou que todos sabiam que após uma grande onda de pandemia viria o “repique” e que não faz sentido responsabilizar as eleições pelo aumento de casos, pois com a reabertura do comércio e o retorno das pessoas às ruas, isso já era esperado. “Nós tivemos restaurantes cheios, bares e indústrias trabalhando, ou seja, era natural que houvesse o repique ou segunda onda como se fala”, disse. “Por isso mesmo, o Governo se preparou para isso. Não estou dizendo que concordo em fechar, mas o que estou querendo explicar é que não se credite às campanhas eleitorais o aumento dos casos”, argumentou Loureiro.