Os detalhes dos abusos cometidos por Marcius Melhem, enquanto diretor da Globo, com várias funcionárias da emissora, tem sido comparados ao caso do produtor de Hollywood Harvey Weinstein, condenado a 23 anos de prisão em fevereiro por ataque sexual e estupro.
As acusações contra o produtor de filmes conceituados, como Pulp Fiction e Shakespeare Apaixonado, deram forma ao movimento #MeToo, uma campanha que teve adesão de atrizes de Hollywood contra a cultura de assédio sexual na indústria do entretenimento, e que se espalhou pelo mundo.
Segundo a advogada das vítimas, Mayra Cotta, Melhem e Weinstein “são homens que instrumentalizam sua posição de poder hierárquico dentro de uma grande empresa para assediar sexualmente as mulheres cujas carreiras dependem deles”, analisa.
Na reportagem da Piauí, os assédios morais e sexuais sofridos por Dani Calabresa de 2015 até 2019 foram detalhados. O humorista teria forçado beijo, abraço e até mostrado seu pênis para a artista, o que deixou Calabresa intimidada e desencadeou crises de ansiedade. Além do assédio sexual, a reportagem afirma que Melhem também boicotou a artista em novos projetos na Globo.
“Eu acho que a gente pode caminhar para que essas semelhanças também prossigam. O caso de Weinstein teve um desdobramento muito importante”, considera Mayra.
Na sexta-feira, o movimento #MeToo Brasil também emitiu uma nota de apoio à Calabresa, associando os dois casos.
“As relações de poder envolvidas em certos ambientes de trabalho, como na produção audiovisual, incentivam ainda mais uma cultura machista e de frequentes abusos sexuais e morais já arraigada na nossa sociedade. A falta de uma estrutura institucional dentro das empresas que garanta escuta qualificada dos relatos e seu respectivo tratamento de acordo com as melhores práticas internacionais, cria o cenário ideal para que abusadores se tornem predadores, ou seja, não fazem apenas uma vítima, e sim várias”, acrescenta o texto.