O porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, major Ivan Blaz, afirmou que a abordagem “não foi o pior” da ação que terminou com dois jovens negros mortos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Edson Arguinez Junior, de 20 anos, e Jordan Luiz Natividade, de 18 anos, foram encontrados mortos com sinais de tortura após serem abordados por dois policiais militares na madrugada deste sábado (12) — eles estão presos.
De acordo com Blaz, os policiais estavam com atenção voltada para pista, por onde passou, segundo ele, a moto com os dois jovens em alta velcoidade. “Ali é uma área complicada, de muitos assaltos. A moto quase acerta o policial. Mas nada daqui está certo”, afirmou ele. “Sobre a abordagem, o pior foram os policiais não terem falado com os seus superiores sobre o que aconteceu”, disse o porta-voz da PM à CNN.
O major definiu o caso como “muito grave”e “impensável”. Ele destacou que o comando do 39º Batalhão, que atua em Belford Roxo, foi fundamental para responsabilizar os PMs. “A celeridade do Batalhão em recolher as armas dos policiais e entregar para Delegacia de Homicídios foi determinante para o caso”, afirmou. No ano passado, 6% das mortes cometidas pela polícia foram dos policiais da área — 119 dos 1814 homícidios registrados.
Perguntado sobre o fato de as vítimas serem negras, Blaz afirmou não ver viés racista nas ações da PM do Rio. Levantamento da Rede de Observatórios de Segurança divulgado na semana passada mostrou que 86% das vítimas da polícia em 2019 eram pessoas negras. “A PM, muito antes das Forças Armadas, já tinha negros em suas fileiras. Nós, negros, morremos mais que brancos São questões complexas, mas alegar que há componente racista é até injusto”, resumiu Ivan Blaz.