Dezenas de países começaram a vacinar; Brasil não tem data prevista. Moro indagou se há 'presidente em Brasília', e Mendonça questionou se ex-ministro tem 'legitimidade'.
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o atual chefe da pasta, André Mendonça, bateram boca nesta segunda-feira (28) em uma rede social após Moro ter criticado o presidente Jair Bolsonaro.
Na mensagem publicada no Twitter, Moro criticou Bolsonaro pela demora do Brasil em começar a vacinar a população contra a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
Dezenas de países já começaram as companhas de vacinação – 25 dos 27 da União Europeia (UE), assim como Estados Unidos, China, Canadá, Rússia, entre outros. Nesta segunda, Bélgica, Luxemburgo e Letônia foram adicionados à lista. O Brasil, apesar de ter contrato com a vacina da AstraZeneca e da Universidade de Oxford (produção pela Fundação Oswaldo Cruz), ainda não conseguiu aprovar o produto e iniciar a imunização.
“Vários países, inclusive da América Latina, já estão vacinando seus nacionais contra a COVID-19. Onde está a vacina para os brasileiros? Tem previsão? Tem Presidente em Brasília? Quantas vítimas temos que ter para o Governo abandonar o seu negacionismo?”, publicou Sergio Moro na rede social.
Após a publicação de Moro, André Mendonça publicou mensagem na qual criticou o antecessor, afirmando que o ex-juiz, enquanto ministro da Justiça, “entregou tão pouco”.
“Vi que @SF_Moro perguntou se havia presidente em Brasília? Alguém que manchou sua biografia tem legitimidade para cobrar algo? Alguém de quem tanto se esperava e entregou tão pouco na área da Segurança?”, respondeu André Mendonça.
“Quer cobrança? Por que em 06 meses apreendemos mais drogas e mais recursos desviados da corrupção que em 16 meses de sua gestão?”, acrescentou o ministro da Justiça.
Moro, então, respondeu: “Ministro, o senhor nem teve autonomia de escolher o Diretor da PF ou de defender a execução da pena da condenação em segunda instância (mudou de ideia?), então me desculpe, menos. Faça isso e daí conversamos.”
Moro deixou o governo em abril deste ano. Na ocasião, acusou o presidente Jair Bolsonaro de ter tentado interferir na Polícia Federal ao demitir o então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, indicado por Moro.
Diante das acusações de Moro, a Procuradoria Geral da República (PGR) pediu, e o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de um inquérito para investigar se Bolsonaro interferiu na PF.
Desde o começo das investigações, Bolsonaro nega a acusação de Moro.