'Nunca na história da cidade um prefeito recebeu de seu antecessor uma herança tão perversa (...) conseguiremos reviver essa cidade', disse. Gestor da cidade entre 2009 e 2017 assumiu o cargo ao lado do vice Nilton Caldeira (PL). Carlo Caiado foi eleito presidente da Câmara.
Eduardo Paes (DEM) tomou posse nesta sexta-feira (1º) como prefeito do Rio de Janeiro, pela terceira vez, em cerimônia na Câmara de Vereadores.
Após fazer o juramento e assinar o livro de posse – assim como o vice-prefeito, Nilton Caldeira (PL) –, Paes fez seu primeiro discurso como prefeito, que durou 15 minutos. O prefeito criticou a “herança perversa” da gestão anterior e disse que dará prioridade ao combate à corrupção e à recuperação econômica do município.
Antes mesmo da posse, Paes já havia publicado 74 decretos no Diário Oficial, nos quais determinou investigações sobre o prefeito anterior, Marcelo Crivella, e uma série de medidas econômicas, como a suspensão de concursos públicos.
Ações contra a pandemia
No discurso, Paes citou a abertura de 343 leitos para Covid-19, entre outras ações contra a pandemia.
“Estamos criando um comitê de especialistas de enfrentamento à Covid, majoritariamente formado por pessoas de fora da prefeitura. Criamos o centro de operações de emergências COE- Covid-19, funcionando no Centro de Operações Rio, e criamos o sistema de estágios de risco por região administrativa”, disse.
Rio exige ‘pressa’, diz Paes
Paes começou o discurso com agradecimentos, em especial aos vereadores Jorge Felippe (DEM) – que era presidente da Câmara Municipal e assumiu a prefeitura em dezembro após o afastamento de Marcelo Crivella, acusado de corrupção – e Cesar Maia (DEM) – ex-prefeito e padrinho de Paes no início de sua carreira política.
“A cidade exige de nós pressa, e é dessa maneira que vamos dar a resposta — e a parceria com o parlamento é fundamental para isso.”
Criticas à gestão anterior
“Nunca na história da cidade um prefeito recebeu de seu antecessor uma herança tão perversa: servidores esperando pagamentos que não vêm, 15 folhas de salários para este ano, um desafio fiscal colossal que alcança R$ 10 bilhões. Esse é o cenário desastroso das finanças da prefeitura”, disse.
“Tenho a certeza e convicção que conseguiremos reviver essa cidade”, disse Paes.
‘Deixe de lado esse baixo astral’
O prefeito finalizou o discurso citando a música “Conselho”, de Adilson Bispo e Zé Roberto, sucesso na voz de Almir Guineto: “‘Deixe de lado esse baixo astral / Erga a cabeça enfrente o mal / Que agindo assim será vital / Para o seu coração‘. Para o coração dos cariocas. Viva o Rio de Janeiro”.
O novo prefeito é bacharel de direito de 51 anos e já governou a cidade entre 2009 e 2017.
A cerimônia
A cerimônia na Câmara começou às 10h com a posse dos 51 vereadores eleitos. Devido à pandemia, eles só puderam levar um acompanhante cada.
A sessão solene foi presidida pelo vereador mais votado, Tarcísio Motta (PSOL). Os vereadores apresentaram o diploma da Justiça Eleitoral, a relação de bens e foram empossados.
Em seguida, os vereadores eleitos escolheram os membros da nova Mesa Diretora, incluindo o novo presidente da Câmara, Carlo Caiado, do mesmo partido do prefeito, o DEM. Aos 39 anos – a 8 de completar 40 –, ele é o mais novo a ocupar a presidência da casa.
Compõem a mesa:
Quarenta e quatro vereadores votaram na chapa, que foi eleita. Os sete vereadores da bancada do PSOL se abstiveram.
Após a sessão, foi convocada a sessão extraordinária que empossou o prefeito e o vice-prefeito.
Virada no Centro de Operações
Paes passou a virada no Centro de Operações Rio, que completou 10 anos na quinta-feira (31), acompanhando os bloqueios na orla.
Nesta sexta, postou uma foto em que aparece no ombro do Cristo Redentor, com a legenda “Tô de olho!”.
O prefeito também publicou um vídeo agradecendo os votos que recebeu.
“Agradecer a cada um dos cariocas, cada um de vocês que confiou a mim esta honrosa missão e cuidar dessa cidade pela terceira vez pelos próximos quatro anos. Vocês podem certeza que eu vou trabalhar muito para fazer o Rio voltar a dar certo”, disse o prefeito na mensagem.
A eleição
Eduardo Paes derrotou, no segundo turno, o homem que o sucedeu, Marcelo Crivella (Republicanos). Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Crivella terminou o mandato em prisão domiciliar, investigado no “QG da Propina”.
Ao comentar a vitória, Paes agradeceu os votos e celebrou “a vitória da política”. “Nós passamos os últimos anos radicalizando a política brasileira. O resultado desse radicalismo certamente não fez bem a nenhum de nós cariocas, não fez bem a nenhum de nós brasileiros”, disse.
Se terminar o mandato, Paes terá igualado o recorde de Cesar Maia no Palácio da Cidade.
Cabe ao prefeito decidir onde aplicar os recursos repassados ao município pelo Estado ou pelo governo federal e como administrar o que é arrecadado de impostos, como IPTU e ISS.
Ele também é responsável pelas políticas de áreas como educação, saúde, moradia, transporte público e saneamento básico. Para isso, conta com secretários, que são nomeados. O prefeito também precisa trabalhar junto com os vereadores, que representam os cidadãos no Legislativo municipal.
À tarde, no Palácio da Cidade, em Botafogo, na Zona Sul, é a vez de o prefeito apresentar seu secretariado, às 17h. Até meados de dezembro, 23 nomes já tinham sido anunciados.
As cerimônias contarão com restrições do número de convidados para evitar aglomerações.
Na Região Metropolitana, os prefeitos eleitos Capitão Nelson (Avante), em São Gonçalo, e Axel Grael, em Niterói, tomam posse dos cargos às 11h. Em Nova Iguaçu, Rogério Lisboa é empossado às 14h.
Por último, Washington Reis, prefeito eleito em Duque de Caxias, assume o cargo às 17h.
Primeiro governo de Paes
Paes tem 51 anos, é casado e tem superior completo. Ele tem um patrimônio declarado de R$ 478.358,42. Seu vice, Nilton Caldeira (Nilton Caldeira da Fonseca Filho), do PL, tem 63 anos, é casado, declara ao TSE a ocupação de administrador e tem superior completo. Ele tem um patrimônio declarado de R$ 548.668,26.
Nos dois primeiros mandatos, entre seus feitos, Paes foi o anfitrião das Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016. Para tal, remodelou partes da cidade, como a Zona Portuária, derrubando o Elevado da Perimetral. Ainda inaugurou o Parque Madureira e o Centro de Operações Rio.
Paes também fez mudanças no transporte, implantando o sistema de ônibus exclusivos do BRT e reordenando as linhas regulares.
No seu plano de governo para 2021-2025, Paes lista 12 objetivos centrais, como a restauração da qualidade de serviços básicos: saúde, educação e transportes.
Segundo Paes, a recuperação da situação financeira passa pelo pagamento dos salários em dia e “a retomada dos sistemas de meritocracia”.
Biografia
Eduardo da Costa Paes nasceu em 14 de novembro de 1969, no Rio de Janeiro. Formado em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), o peemedebista é casado e tem dois filhos.
Paes começou sua carreira política em 1993, quando assumiu a Subprefeitura de Jacarepaguá e da Barra, na primeira gestão do prefeito Cesar Maia (DEM). Em 1996, na época do PFL, foi o vereador mais votado do Rio de Janeiro, com 82.418 votos.
Ainda no PFL, elegeu-se deputado federal em 1998 com 117.164 votos. Quatro anos depois, foi reeleito com 186.221 votos.
Em 2006, Eduardo Paes concorreu ao governo do Rio pelo PSDB, mas obteve só 5,3% dos votos válidos.
Em 2007, foi convidado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) para assumir a secretaria de Turismo, Esporte e Lazer.
Sua primeira vitória para o Palácio da Cidade foi em 2008, quando derrotou Fernando Gabeira em um disputado segundo turno. Paes teve 1.696.195 votos (50,83% dos válidos), contra 1.640.979 (49,17%) de Gabeira.
Em 2012, Paes foi reeleito prefeito do Rio de Janeiro em primeiro turno. Então pelo PMDB (hoje MDB), teve 64,60% dos votos válidos (2.097.733) — Marcelo Freixo (PSOL), o segundo colocado, somou 28,15% (914.082).
Nas eleições de 2018, chegou ao 2º turno da eleição para o governo do RJ, mas perdeu para o então ex-juiz Wilson Witzel.
Câmara toma posse
No Palácio Pedro Ernesto, as maiores bancadas serão do DEM, PSOL e Republicanos, com sete vereadores cada um.
Os vereadores são responsáveis por elaborar e propor leis. Os vereadores podem decidir, por exemplo, sobre a criação de políticas públicas. E têm a obrigação de fiscalizar o uso do dinheiro pelo Executivo e analisar a Lei Orçamentária Anual (LOA), que estabelece as despesas do ano seguinte do município.
Há a possibilidade de vereadores deixarem os cargos para assumir funções na prefeitura. Quando isso acontece, o cargo é assumido por um suplente.
Os vereadores de Rio de Janeiro vão representar 6.747.815 habitantes.
Vereadores eleitos