Política

Mais um senador republicano pede renúncia de Donald Trump à presidência dos EUA

Pat Toomey, da Pensilvânia, diz que apoiará um pedido de impeachment. Porém, o parlamentar não crê que haverá tempo hábil para aprovar a destituição do republicano antes da posse de Joe Biden.

Sarah Silbiger/Pool via Reuters

Pat Toomey, senador do Partido Republicano, durante sessão no Senado em 10 de dezembro de 2020

O senador Pat Toomey, que representa a Pensilvânia, disse neste domingo (10) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve renunciar ao cargo. O parlamentar é mais um integrante do Partido Republicano a romper com o magnata depois da invasão de apoiadores trumpistas ao Capitólio.

“O melhor jeito para nosso país é o presidente renunciar e ir embora, o mais rápido possível”, disse Toomey em entrevista à emissora americana NBC News.

Para o senador, a atitude de Trump “merece consequências”. “O presidente entrou numa espiral de um tipo de loucura que foi diferente. Sinto muito se as pessoas não reconhecem isso, eu acho que o que ele fez na semana passada foi extremamente diferente dos tuítes ofensivos que eram comum durante seu governo”, afirmou Toomey.

Na quarta-feira, Trump fez um discurso a apoiadores em frente à Casa Branca em que pediu para o vice-presidente Mike Pence rejeitar os votos dados pelo Colégio Eleitoral ao democrata Joe Biden, vencedor das eleições. Naquele momento, Pence presidia a sessão da contagem das cédulas, a última formalidade antes da posse do novo governo.

Trump, então, afirmou que acompanharia seus apoiadores na marcha até o Capitólio, a sede do Congresso dos EUA. Uma multidão de extremistas, minutos depois, invadiu o prédio do parlamento americano e causou tumulto, o que fez parlamentares dos dois partidos se esconderem ou deixar o edifício. Cinco pessoas morreram, incluindo um policial.

Trump discursa para apoiadores em Washington — Foto: REUTERS/Jim Bourg

Impeachment ganha apoio entre os senadores

Toomey é o segundo senador republicano a pedir que Trump deixe o cargo. Ele se juntou à senadora Lisa Murkowski, do Alasca, no apoio ao pedido de impeachment que deverá ser apresentado por parlamentares do Partido Democrata nesta segunda-feira (11).

Porém, o congressista não crê que haverá tempo hábil para votar a destituição de Trump até 20 de janeiro, dia da posse de Joe Biden como novo presidente dos EUA. Embora a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, tenha pedido aos deputados que fiquem em Washington ou voltem à capital, o Senado está de recesso e não deve voltar até a véspera da posse.

A invasão ao Capitólio revoltou parlamentares dos dois partidos. Ao longo da semana, políticos democratas e mesmo republicanos disseram que Trump deveria sofrer impeachment por incitar a violência.

“É absolutamente essencial que aqueles que perpetraram uma agressão à nossa democracia sejam responsabilizados. Deve haver um reconhecimento de que essa dessacralização foi instigada pelo presidente”, afirmou Pelosi.

Pelo procedimento de impeachment nos EUA, basta uma maioria absoluta (50% + 1) dos votos dos deputados para aprovação na Câmara. Considerando que os democratas ocupam mais cadeiras, o processo deve passar.

Entretanto, diferentemente do que ocorre no Brasil, o presidente impichado não perde o mandato após a aprovação do pedido na Câmara. A destituição só ocorre depois da aprovação no Senado por mais de dois terços dos senadores.

O Partido Republicano tem maioria no Senado até a posse de Kamala Harris como vice-presidente — pelas leis americanas ela terá o voto desempate, já que os senadores republicanos e democratas somam 50 cadeiras cada.

Por isso, caso o líder da maioria Mitch McConnell — que também condenou a ação dos invasores, mas não pediu o afastamento de Trump — resolva antecipar o fim do recesso, mais senadores republicanos deverão apoiar o pedido democrata de impeachment para destituir o presidente.