Preços dos alimentos acumularam aumento de 14,09% no ano. Índice de dezembro acelerou alta para 1,35%, maior taxa mensal desde 2003. IPCA ficou acima do centro da meta pelo segundo ano seguido.
Pressionado pelos preços dos alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, fechou 2020 em 4,52%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4%.
Trata-se da maior inflação anual desde 2016, quando o índice ficou em 6,29%, segundo divulgou nesta terça-feira (12) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado veio um pouco acima do esperado. Os analistas do mercado financeiro estimavam uma inflação de 4,37% em 2020, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
“Entre os grupos, Alimentação e Bebidas apresentou a maior variação (14,09%) e o maior impacto (2,73 p. p.) sobre o IPCA acumulado do ano, encerrando 2020 com a maior variação acumulada no ano desde dezembro de 2002 (19,47%)”, informou o IBGE.
Em 2019, o IPCA foi de 4,31%, ficando também acima do centro da meta para o ano, que era de 4,25%.
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como referência para o reajuste dos benefícios previdenciários, ficou em 5,45% em 2020, acima do IPCA e dos 4,48% de 2019.
Inflação de dezembro é a maior desde 2003
Em dezembro, o IPCA ficou em 1,35%, acima dos 0,89% de novembro. Foi a maior variação mensal desde fevereiro de 2003 (1,57%) e o maior índice para um mês de dezembro desde 2002 (2,10%). Em dezembro de 2019, a variação havia ficado em 1,15%.
Meta de inflação e perspectivas para 2021
Apesar de ter ficado acima do centro da meta, a inflação oficial ficou dentro do limite pelo quinto ano seguido. Pela meta oficial estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o IPCA poderia ficar entre 2,5% e 5,5%.
Para 2021, o mercado financeiro subiu de 3,32% para 3,34% a previsão de inflação. Neste ano, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2% – mínima histórica.
Os analistas do mercado passaram a projetar uma Selic em 3,25% no final de 2021 e em 4,75% em 2022.
O IPCA é calculado com base em uma cesta de consumo típica das famílias com rendimento um a 40 salários mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.