Mulher foi indiciada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
O homem de 39 anos que morreu após bater a cabeça durante uma discussão com a namorada, de 31, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, seria pai de gêmeos, segundo relatou seu filho de criação nesta segunda-feira (18). À polícia, a mulher relatou que o empurrou para se defender de uma agressão, quando ele acabou caindo e morrendo no local. Ela foi presa em flagrante após o ocorrido.
Marcos Ramos fazia trabalho voluntário como professor de capoeira e trabalhava registrado em uma empresa. De acordo com seu filho de criação, o projetista de móveis Richard Henrique Marques Lopes, de 19 anos, o pai estava animado para a chegada dos primeiros filhos biológicos, já que seria a realização de um sonho.
O jovem relatou, em entrevista ao G1, que sua mãe teve um relacionamento de mais de 10 anos com Ramos e, mesmo após terminarem, ele mantinha contato até hoje com o pai de criação.
“Ele conviveu 15 anos com minha mãe e nunca a machucou. Entrou na minha vida quando eu tinha dois anos, não temos o mesmo sangue, mas ele é o meu pai. Cuidou de mim, educou, foi meu pai de verdade. Criou um trabalho espetacular na capoeira com as crianças que mais precisavam. Não posso ter certeza de nada, mas para mim e minha família ele sempre foi uma pessoa muito querida e amada”, diz o projetista.
A morte de Ramos aconteceu no bairro Solemar. PMs foram acionados após a briga e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatou o óbito do rapaz. Segundo a Polícia Civil, a mulher relatou que ela e o namorado tinham acabado de voltar da praia e iniciaram uma discussão porque ele não estava encontrando a chave do portão. Afirmou, também, que durante a briga a vítima deu um soco na cabeça dela, que em reação o empurrou. Em seguida, o homem caiu no chão, bateu a cabeça e não resistiu aos ferimentos.
O filho afirmou ao G1 que a companheira do pai está no terceiro mês de gestação e que eles já estavam juntos há pouco mais de um ano. “Eram os primeiros filhos biológicos dele. Era um sonho do meu pai, ele estava muito feliz com a chegada deles. Sempre que nos víamos conversávamos, não tínhamos um contato diário, mas sempre que eu ou ele precisávamos estávamos ali um para o outro”, conta Richard.
Após a morte do professor de capoeira, amigos e familiares se solidarizaram nas redes sociais e prestaram homenagens a ele e condolências a companheira. Alunos e pais de crianças que eram alunas de Ramos afirmaram em postagens que ele deixou um grande legado de aprendizado a todos que fizeram aulas com ele.
“Era um trabalho totalmente voluntário, ele não ganhava nada para ensinar a capoeira. O trabalho que tinha aqui no bairro é inesquecível. Ele tirou jovens das drogas, bebidas e até mesmo tirou crianças que eram para estar na rua, mas estavam ali com ele praticando uma arte brasileira. Dói na alma a partida dele, mas estará sempre no meu coração”, diz o filho.
A mãe da vítima, a faxineira Neuza Maria Ramos de Oliveira, de 60 anos, afirma que o filho era muito querido pelos alunos, familiares e amigos. “Toda mãe conhece seu filho e eu sei que o meu nunca foi agressivo. Ele sendo o meu filho mais velho, sempre foi exemplo para os menores. Não tem histórico criminoso e nem de ser violento com mulheres. Era amante do esporte, educado, não usava drogas. Quero uma investigação sobre como ocorreram as coisas. Não quero vingança, nem desejo mal de ninguém, até porque ela será a mãe dos meus netos. Ele estava muito feliz em ser pai. Sinto muito pelo ocorrido e me dói”, disse a mãe.
Segundo a Polícia Civil, a mulher foi indiciada por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, e foi presa em flagrante após o ocorrido. A ocorrência foi registrada na Delegacia de Praia Grande e segue em investigação.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que a mulher passou por audiência de custódia neste domingo (17) e o juiz concedeu a ela a liberdade provisória.