O sol ainda nem tinha nascido quando a vendedora Rayane Oliveira, de 25 anos, e sua família levantaram, neste domingo (17), para preparar as doações para serem distribuídas em hospitais de Manaus. Eles fazem parte de uma rede de solidariedade que vem crescendo na capital e no país, após o ápice da crise de oxigênio. Vários grupos se organizaram para ajudar de maneiras diferentes.
“Começamos às 4h da manhã. Já fomos no SPA na Alvorada, da Redenção, estamos aqui no 28 e vamos em seguida para outro. Trouxemos pão com ovo, pão com queijo e presunto, café, achocolatado, suco, água. Tudo para ajudar, né?”.
A ação foi pensada pela família, segundo Rayane, mas eles acharam que não conseguiriam tanto apoio. No entanto, as doações superaram as expectativas e agora, com tanta solidariedade, eles pretendem repetir a iniciativa.
“A gente achou que não ia dar em nada, mas acabou que foram muitas doações. A gente sabe que é um momento difícil, né? A gente quer ajudar. É pouco, mas o pouco que fazemos ajuda”, contou.
A família da operadora de caixa Milena de Reis também esteve no local desde cedo. Ela, a cunhada e o irmão estavam distribuindo mingau de banana e mungunzá para as pessoas.
“O que nos motiva é o amor pelo próximo. Com toda essa situação que a gente está vivendo desde o ano passado, a gente resolveu se juntar em família para ajudar as pessoas que estão aqui aflitas, esperando notícias dos seus entes que estão aí dentro”.
Segundo ela, muitas pessoas que estão com parentes internados nos hospitais sequer tem dinheiro para tomar um café da manhã digno. Isso motivou a ajuda.
“A grande sabe que nesse momento de crise, muita gente sequer tem dinheiro para comprar um café da manhã. Então a gente veio fazer a nossa parte como cidadão”.
O Amazonas registrou 50 mortes por Covid-19 e 2.856 novos casos confirmados nas últimas 24 horas. Com outros 30 óbitos confirmados após investigação, o total de vidas perdidas chegou a 6.123. O número de infectados desde o começo da pandemia é de 229.367.
O estado enfrenta colapso no sistema de saúde por falta de oxigênio em hospitais de Manaus, que estão lotados por conta do aumento recorde de internações por Covid. Com o caos na Saúde, pacientes começaram a ser levados a outros estados.
O fechamento do comércio não-essencial no Amazonas está prorrogado até o dia 31 de janeiro, informou o governador Wilson Lima. O decreto que proibiu as atividades por 15 dias começou a valer no dia 2 de janeiro, após determinação da Justiça. Por conta de um novo surto da Covid-19, o governo também decretou toque de recolher no Amazonas, de 19h às 6h.
Em 2020, a população do Amazonas atingiu 4.207.714 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O governo do estado informou que, na primeira fase na vacinação, 1.154.504 pessoas de grupos prioritários devem ser imunizadas no Amazonas. A meta é vacinar 95% (1.096.778).