Secretário Paulo Jucá recebeu vacina contra covid-19. Com população estimada em mais de 34 mil habitantes, São José do Egito recebeu doses para imunizar apenas 270 pessoas
Com 540 doses da vacina contra Covid-19 recebidas pela Prefeitura de São José do Egito, no Sertão de Pernambuco, o município seria capaz de vacinar apenas 270 moradores do grupo de risco da cidade. Seria porque pelo menos uma dessas 270 pessoas que precisam do imunizante com urgência não vai receber a vacina neste momento, pois o secretário de Saúde da cidade, Paulo Jucá, furou a fila e recebeu o imunizante indevidamente.
Paulo Jucá não pertence a nenhum grupo de risco e mesmo assim foi fotografado recebendo a primeira dose da CoronaVac, imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan em São Paulo. Com este primeiro lote enviado pelo governo federal, os municípios só podem vacinar profissionais de saúde que trabalhem diretamente com pacientes de covid-19, idosos e deficientes que morem em instituições de longa permanência e indígenas que morem em aldeias.
Para se ter uma ideia da importância de usar corretamente as doses deste primeiro lote para vacinar apenas indivíduos que precisem do imunizante com máxima prioridade, com as 540 doses recebidas por São José do Egito, apenas 0,79% da população poderá ser vacinada, já que, de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade tinha, em 2020, 34.056 habitantes.
Resposta
De acordo com a Assessoria de Imprensa da prefeitura de São José do Egito, o secretário Paulo Jucá recebeu a vacina como forma de estimular a população a se vacinar.
Em outras cidades e estados, secretários de saúde, prefeitos e governadores se limitam a estar ao lado dos primeiros vacinados como forma de estimular a população e garantir que a vacina é segura.
Outro caso
O secretário de Saúde de São José do Egito não foi o primeiro a se vacinar indevidamente contra a covid-19 em Pernambuco. Em Jupi, no Agreste, o fotógrafo oficial da prefeitura, conhecido como Guilherme JG, recebeu a primeira dose do imunizante. Na cidade, apenas 68 pessoas deveriam receber a vacina e Guilherme não deveria estar na lista, uma vez que não é pertencente ao grupo prioritário. Depois da repercussão negativa, o fotógrafo disse que se arrependeu.