Neste sábado, Palmeiras e Santos se enfrentam pela final da Conmebol Libertadores, no Maracanã.
Além da “Glória Eterna” no âmbito esportivo, o título continental ainda dá um belo prêmio em dinheiro pago pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).
O campeão da edição 2020 ganhará US$ 15 milhões, o que dá pouco mais de R$ 80 milhões, na cotação atual.
O valor aumentou bastante em relação a 2019, quando o Flamengo embolsou US$ 12 milhões (cerca de R$ 64 milhões) ao bater o River Plate na final.
Já o vice desta temporada irá faturar US$ 6 milhões (R$ 32 milhões) – também um bônus considerável, mas nada perto do que o campeão coloca nos cofres.
E em um ano de finanças tão afetadas pela pandemia de COVID-19, o dinheiro será importantíssimo para Palmeiras e Santos.
Veja por que cada um precisa da grana:
PALMEIRAS
Em outubro deste ano, a ESPN mostrou que o Palmeiras iria faturar R$ 200 milhões a menos do que o previsto no orçamento montado para a temporada 2020 (cerca de R$ 600 milhões). Ou seja: um terço do total.
Os principais motivos dessa queda são a perda de arrecadação com bilheteria, cotas de TV e sócio-torcedor Avanti em meio aos transtornos causados pelo novo coronavírus.
Com isso, a previsão nos bastidores palestrinos é que o clube fechará o ano fiscal no vermelho – o que provavelmente também ocorrerá com todos os clubes do Brasil.
Isso não é registrado pelo Alviverde desde 2014, quando foi apresentado um déficit de R$ 27,7 milhões. Entre 2015 e 2019, por sua vez, todas as temporadas foram superavitárias.
A premiação da Libertadores, portanto, é vista como essencial no Palmeiras principalmente por um fator: ajudará o clube a não ter que vender jogadores em série para equilibrar as contas.
Como também mostrou a reportagem, o presidente da equipe alviverde, Maurício Galiotte, se recusou a vender promessas das categorias de base do clube durante a última janela de transferências do futebol europeu, mesmo com a estretégia sendo considerada uma forma rápida e fácil de ganhar dinheiro.
A ESPN soube que o clube recebeu sondagens por Patrick de Paula, Gabriel Menino, Wesley e Gabriel Veron, todos pratas-da-casa e integrantes da equipe profissional palestrina. No entanto, Galiotte não autorizou que a diretoria de futebol abrisse negociação oficial por nenhum deles.
Como justificativa, o cartola apontou que o desempenho esportivo seria claramente afetado por uma ou mais vendas.
Além disso, Galiotte entende que os atletas ainda precisam cumprir um “ciclo” mais longo dentro do Palmeiras para que o processo de reformulação atual do clube (com prioridade para uso da base) seja completo.
Não à toa, houve aumento de 50% em média por ano dos investimentos na base nos últimos três anos em comparação com os três anos anteriores no Palestra Itália.
Os R$ 80 milhões que possivelmente entrariam nos cofres palestrinos ajudariam, e muito, a segurar as maiores revelações alviverdes, o que também seria decisivo para manter uma espinha dorsal já pensando no elenco para a próxima temporada, que começa já em 28 de fevereiro, com o Paulistão-2021.
Além disso, também seriam essenciais para manter o fluxo de caixa em ordem, evitando atrasos salariais – o que não acontecue uma vez sequer durante 2020.
SANTOS
Não é segredo para ninguém que o Santos vive um momento muito turbulento financeiramente. Ao longo da temporada, a ESPN noticiou os muitos atrasos de salários e pagamentos de direitos de imagem no clube.
Além disso, dívidas com equipes estrangeiras por compras de atletas fizeram com que o Peixe fosse punido seguidamente pela Fifa, sendo impedido de registrar novas contratações.
Esses problemas ainda persistem, e a diretoria alvinegra, agora comandada por Andrés Rueda, já faz até planos de como vai usar os R$ 80 milhões que podem entrar no caixa em casa da conquista da Libertadores.
A prioridade é quitar tudo o que é devido ao Huachipato, do Chile, pela negociação com o meia Soteldo.
Se isso de fato ocorrer, a equipe estrangeira irá retirar da Fifa a cobrança de US$ 7,2 milhões (R$ 38,5 milhões) diante do calote do clube brasileiro – o que permitiria ao Peixe voltar a inscrever atletas.
A equipe ainda pagaria US$ 200 mil (R$ 1,1 milhão) diretamente a Soteldo, para quitar dívidas em luvas, premiação e direitos de imagem.
Além disso, o Alvinegro já “reservou” R$ 19 milhões para finalizar a compra do zagueiro Luan Peres, que pertence ao Club Brugge, da Bélgica.
No momento, ele está emprestado pelos europeus até 15 de fevereiro, mas, se a equipe da Baixada quiser ficar com ele depois disso, terá que comprá-lo – e o dinheiro da Libertadores será primordial para isso.
Vale salientar que, na semana passada, o Santos pagou o salário de dezembro, direitos de imagem, a premiação da vitória sobre o Grêmio (pelas quartas de final) e ainda recolheu o fundo de garantia.
Desta forma, falta apenas quitar com o elenco o “bicho” pela vaga na final continental, obtida com a vitória por 3 a 0 sobre o Boca Juniors, na Vila Belmiro.
Também recentemente, o clube pagou R$ 4 milhões ao Atlético Nacional, da Colômbia, por parcelas atrasadas da contração do zagueiro Felipe Aguilar, em janeiro de 2019. O processo deve ser encerrado na Fifa nos próximos dias.
Mais uma vez, a entrada da grana da premiação da Libertadores é essencial para que as finanças fiquem em dia no Peixe.