A Polícia Civil identificou cinco mulheres que afirmam terem sido estupradas por um policial penal, em Montes Claros. O homem está preso desde o dia 23 de dezembro de 2020 quando tentou estuprar uma mulher, de 33 anos, que retornava de uma academia, segundo a polícia.
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (29), a delegada responsável pelo caso, Karine Maia, disse que o policial agia há três anos e é considerado um estuprador em série. Até o momento, ele é investigado por cinco estupros e duas tentativas.
“É uma pessoa que não consegue ficar sem estuprar. Nós começamos essa investigação em 2017 com estupros que se repetiam de tempos em tempos com o mesmo modus operandis. Ele parava em um carro preto, chamava a vítima, perguntava sobre o endereço de uma rua, e mostrava a arma quando ela se aproximava. Exigia que ela entrasse no carro, levava para um matagal, estuprava as vítimas e depois liberava”.
A delegada esclareceu que em algumas vezes o policial chegava a anunciar um assalto, mas depois devolvia os objetos para a vítimas. Ao longo dos três anos, a Polícia Civil traçou um perfil do autor e tentava identificá-lo, o que foi possível a partir da prisão em flagrante no mês de dezembro. De acordo com os levantamentos da Delegacia da Mulher, o policial sempre escolhia mulheres jovens e bonitas.
“A partir daí nós tivemos a convicção de que ele seria o estuprador que estávamos atrás há bastante tempo, todas as características idênticas, como ele sempre faz. Começamos o reconhecimento e todas as vítimas reconheceram com certeza absoluta.”
O G1 entrou em contato com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) para saber quais providências foram tomadas em relação ao cargo de policial penal ocupado pelo investigado.
O G1 também ligou para o escritório do advogado que defende o policial e se colocou à disposição caso a defesa queira se pronunciar. A secretária anotou um e-mail do jornalismo da Inter TV para contato. Se a defesa se manifestar, o posicionamento poderá ser incluído nesta matéria.
Uma das mulheres ouvidas pela Polícia Civil conta que o investigado apontou a arma para a cabeça dela e a levou para um lote vago, onde a obrigou a manter relações sexuais com ele. Com medo, ela prefere ter a identidade preservada.
“Eu estava voltando do serviço, quando eu passei por uma rua escura e eu vi o carro parado. Quando ele me viu passar, ele veio atrás de mim pedindo informação, perguntando que horas seria. Eu falei que eu não tinha horas e, então, eu comecei acelerar o passo. Ele veio atrás de mim. Ele colocou uma arma, apontou a arma pra mim. Mandou entrar no carro e eu entrei. Todo momento ele ficou com arma na minha cabeça, pedindo informação pessoal: nome da minha mãe, nome do meu pai, onde que eu morava, qual era o número do meu WhatsApp.”
Apesar do número de crimes já investigados pela Polícia Civil, Karine Maia acredita que mais mulheres possam ter sido vítimas do homem.
“As mulheres devem procurar a Delegacia da Mulher porque temos certeza que há outras vítimas, é importantíssimo denunciar para que a gente consiga mantê-lo preso. Elas eram sempre abordadas na rua, saindo da academia ou andando sozinhas”. As vítimas identificadas têm entre 17 e 33 anos.
A delegada informou que as investigações continuam e será analisado o material genético do homem e das vítimas.
“Ontem (quinta-feira) foi feito o reconhecimento das vítimas que faltavam, colhemos material genético dele e fizemos o interrogatório. Vamos agora encaminhar o material genético das vítimas para fazer uma comparação de DNA. Também iremos esclarecer alguns pontos com as vítimas e com as testemunhas, apenas para que nós possamos produzir mais provas”.
O policial penal foi preso em dezembro depois de tentar estuprar uma mulher, de 33 anos, no Bairro Acácias. Na época, o G1 teve acesso ao boletim de ocorrência em que a mulher relatou ter sido abordada enquanto retornava a pé de uma academia. Ele perguntou o endereço de uma rua e a mulher continuou andando. A vítima contou que o homem estacionou o carro mais a frente, impediu que ela passasse e disse que se tratava de um assalto. Em seguida, ele a agarrou pelo braço e tentou levá-la à força para um matagal.
“A vítima resistiu e saiu correndo, ela gritou e homens que estavam por perto vieram ajudá-la e correram atrás dele. O policial virou pra trás e desferiu dois tiros que acertaram a perna de um dos homens que estavam ajudando a vítima. Por isso, ele também responde por tentativa de homicídio”, informou a delegada Karine Maia.
O policial fugiu a pé e foi preso ao retornar no local em um carro de aplicativo para buscar o automóvel dele. Segundo a Polícia Civil, a prisão em flagrante foi convertida em preventiva e ele permanece detido em Belo Horizonte.