Allan dos Santos é alvo de 2 inquéritos no STF, já foi alvo de operações da PF e nega quaisquer irregularidades. 'Todos os conteúdos no YouTube precisam seguir nossas diretrizes', diz Google.
O YouTube tirou do ar o canal Terça Livre, do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi alvo de operações da Polícia Federal (PF).
Ao tentar acessar a página, a mensagem “Página indisponível. Lamentamos o transtorno. Tente pesquisar algo diferente.” é exibida.
O Terça Livre informou em seu site que seus dois canais “foram encerrados” na noite de quarta-feira (3): o “Terça Livre TV” e o “Terça Livre Live”. Disse também ter recebido um aviso do YouTube afirmando que a conta foi encerrada “por violação dos Termos de Serviço”.
O Google, dono da plataforma de vídeos, afirmou em nota que “todos os conteúdos no YouTube precisam seguir nossas diretrizes” e que conta “com uma combinação de sistemas inteligentes, revisores humanos e denúncias de usuários para identificar conteúdo suspeito e agimos rapidamente sobre aqueles que estão em desacordo com nossas políticas”.
O comunicado diz ainda que, “caso uma conta tenha sido restringida na plataforma ou impossibilitada de usar algum dos nossos recursos, o criador não poderá usar outro canal para contornar essas penalidades”. “Consideramos a violação dela um descumprimento dos nossos Termos de Serviço, o que pode levar ao encerramento da conta”.
Investigado pela PF
Allan dos Santos é alvo de dois inquéritos no STF e já foi alvo de operações da PF.
Um dos inquéritos apura ameaças a ministros do tribunal e a disseminação de conteúdo falso na internet, as chamadas fake news. O outro investiga o financiamento de atos antidemocráticos.
Nos dois casos, Allan dos Santos nega envolvimento em irregularidades.
Anúncio de estatais
Allan dos Santos é um dos blogueiros investigados no STF que receberam verbas de publicidade estatal.
Em depoimento à CPMI das Fake News, em novembro de 2019, dos Santos disse que não recebia dinheiro do governo.
Dados da Secretaria de Comunicação da Presidência, no entanto, mostram que mais de 28 mil anúncios da Petrobras e da Eletrobras foram veiculados no canal do blogueiro e de outros investigados no inquérito das fake news.
Os anúncios foram feitos entre janeiro de 2017 e julho de 2019, antes e durante o governo Bolsonaro, segundo o jornal “O Globo”.
Contrato com a Presidência
Além disso, a Presidência da República contratou, sem licitação, uma empresa cujo dono já afirmou em depoimento ser “sócio oculto” do site Terça Livre.
O contrato foi publicado no “Diário Oficial da União” e prevê o pagamento de R$ 360 mil à empresa AYR – Ayres Serviços de Informação por “serviços técnicos de manutenção da plataforma Pátria Voluntária”.
A contratação da AYR foi feita sem licitação com base no artigo da Lei de Licitações sobre “inviabilidade de competição”.
O G1 procurou a Presidência da República, a AYR e o Terça Livre, que não responderam até a última atualização desta reportagem.