Coronavírus

Criança com Covid-19 se recupera após 11 dias internada no Hospital da Mulher

Mãe da pequena Ágatha Thalita, que mora na Barra Nova, disse que filha desenvolveu os sintomas de forma muito rápida

Ágatha Thalita tem apenas um ano e dois meses, mas já precisou mostrar a força de uma pequena guerreira para vencer uma difícil batalha que enfrentou recentemente. Natural do povoado Barra Nova, em Marechal Deodoro, na região Metropolitana de Maceió, a criança foi diagnosticada com a Covid-19 e teve graves complicações de saúde que a fizeram ficar internada por 11 dias no Hospital da Mulher (HM), situado no bairro Poço, na capital alagoana.

Marcel Vital

Antes de deixar o Hospital da Mulher, a pequena Ágatha Thalita recebeu afagos da equipe multidisciplinar

A pequena deu entrada na unidade hospitalar durante a madrugada do dia 19 de fevereiro, uma sexta-feira, já em ventilação mecânica. O método é utilizado quando o paciente infectado pelo novo coronavírus atinge um alto nível de comprometimento dos pulmões, causando uma debilidade respiratória severa.

Segundo a enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Pediátrica do HM, Luciana de Oliveira, quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Marechal Deodoro, para fazer a transferência de Ágatha, os profissionais identificaram a piora clínica da criança. Com isso, resolveram fazer a intubação orotraqueal, comunicando à equipe do HM que a pequena chegaria ao hospital numa situação bastante complicada.

“Antes de procurar atendimento ambulatorial, Ágatha já apresentava tosse e febre há, praticamente, três dias. Entretanto, no dia em que ela deu entrada na UPA, foi quando iniciou o desconforto respiratório”, disse a enfermeira Luciana de Oliveira.

À medida que as horas iam passando, o estado de saúde da criança piorava. “O quadro clínico dela se agravou muito durante o transporte do Samu até o HM. Ela chegou aqui por volta das 3 horas da manhã, com desconforto grave, sem apresentar sintomas da Covid-19. A equipe do Samu tentou mantê-la num cateter de oxigênio, mas, ela estava muito mal”, explicou Luciana de Oliveira, ao acrescentar que a equipe da UTI Pediátrica colheu as secreções nasofaríngeas da criança para realizar o exame de diagnóstico da Covid-19.

Ainda de acordo com a enfermeira da UTI Neonatal e Pediátrica do HM, ao longo dos 11 dias em que esteve internada, a pequena Ágatha precisou receber transfusão de sangue, chegou a obstruir seus pulmões com muita secreção e, por conta disso, necessitou trocar o tubo que ia desde a sua boca até à traqueia, de forma a manter uma via aberta até o seu pulmão e garantir a respiração adequada. “Foi uma criança que fez várias complicações mediante a Covid-19. Dos 11 dias em que ela passou internada, cinco deles foram em ventilação mecânica. Hoje ela volta para os braços da sua família, sem comorbidades, feliz e saudável. Ágatha é um verdadeiro milagre!”, destacou Luciana de Oliveira.

A enfermeira frisou que, diferente dos adultos, as crianças com Covid-19 apresentam, muitas vezes, apenas a dor na região abdominal e, logo depois, o quadro evolui para a falta de ar. “Geralmente, as crianças evoluem para um quadro da SIM-P [Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica]. É um quadro clínico bastante semelhante à síndrome de Kawasaki, com alterações dos marcadores inflamatórios e disfunção cardíaca, e está associada à Covid”, explicou Luciana de Oliveira.

Cuidado após a alta médica – A enfermeira chamou a atenção dos pais em relação aos cuidados que eles precisam ter com os filhos, sobretudo quando os pequenos chegam em casa. “Peço a vocês muito cuidado com suas crianças, pois estamos percebendo que elas estão dando entrada aqui já intubadas. Mantenham os cuidados dos seus filhos com o uso da máscara e a lavagem das mãos. Não basta só a escola seguir de forma criteriosa; a orientação é válida principalmente para o ambiente doméstico, quando os pequenos chegam de algum lugar”, frisou Luciana de Oliveira.

A também enfermeira Carolina Menezes, salientou que, quando uma criança recebe alta médica, o cuidado é redobrado no que diz respeito aos que os pais precisam fazer em casa. “Algumas crianças, inclusive, saem com orientação para o isolamento em domicílio por tantos dias, a usar máscara e não entrar em contato com ninguém que não seja do clã familiar. A equipe multidisciplinar dá toda orientação e segmento. As crianças que recebem alta médica já são referenciadas para o cardiopediatra, o nefrologista, o neurologista e o pneumologista”, explicou.

Humanização

A humanização na UTI Neonatal e Pediátrica do HM tem proporcionado, entre vários fatores, o bem-estar psíquico e físico da criança e do adolescente, contribuindo para a redução do tempo de permanência hospitalar. De acordo com a fisioterapeuta Lays Miranda, para diminuir o desconforto da hospitalização, as atividades lúdicas têm surgido com a finalidade de minimizar o estresse dos procedimentos e proporcionar momentos de atividades construtivas às crianças e aos adolescentes.

“Quando se fala em criança, é impossível não falar de humanização. Trabalhamos de forma lúdica, com exercícios terapêuticos e brinquedos. Dentro da UTI Neonatal e Pediátrica do HM, quando a criança não está em cuidados invasivos, a mãe está sempre presente, a fim de que essa humanização fique mais facilitada. A equipe multidisciplinar trabalha com o intuito de deixar a criança o mais confortável possível, de modo a preservar o seu espaço, porque, normalmente, as crianças chegam aqui um tanto assustadas. Então, tentar deixá-las num ambiente mais cômodo possível é a nossa prioridade”, salientou a fisioterapeuta Lays Miranda.

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