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Papa Francisco e aiatolá Ali al-Sistani têm encontro histórico no Iraque

Reprodução/CNN

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O Papa Francisco teve um encontro histórico com o principal clérigo xiita do Iraque, o grande aiatolá Ali al-Sistani, neste sábado (6), em um apelo pela coexistência em um país dilacerado pela violência.

O encontro deles na cidade sagrada de Najaf, durante uma viagem turbulenta e arriscada de Francisco pelo Iraque, foi a primeira vez que um papa se encontrou com um clérigo xiita de tamanha importância.

Após a reunião, Sistani, uma das figuras mais importantes do islamismo xiita, pediu aos líderes religiosos mundiais que responsabilizassem as grandes potências e que a sabedoria e o bom senso prevalecessem sobre a guerra.

O papa também pediu que as comunidades religiosas trabalhassem juntas.

“(Ele) sublinhou a importância da colaboração e da amizade entre as comunidades religiosas para que, cultivando o respeito mútuo e o diálogo, possamos contribuir para o bem do Iraque, da região”, disse o Vaticano em nota após o encontro, que durou cerca de 45 minutos.

O pontífice, de 84 anos, visitou países predominantemente muçulmanos, incluindo Turquia, Jordânia, Egito, Bangladesh, Azerbaijão, Emirados Árabes Unidos e territórios palestinos, usando essas viagens para pedir um diálogo inter-religioso.

Em comunicado, Sistani disse que “a liderança religiosa e espiritual deve desempenhar um grande papel para acabar com a tragédia e exortar os lados, especialmente as grandes potências, a fazer prevalecer a sabedoria e o sentido e apagar a linguagem da guerra”.

As grandes potências “não devem patrocinar seus próprios interesses em detrimento do direito das pessoas de viver em liberdade e dignidade”, disse ele, acrescentando que os cristãos devem viver como todos os iraquianos, em paz e coexistência.

A reunião aconteceu na casa humilde de Sistani, que ele alugou por décadas, localizada ao longo de um beco estreito em Najaf, perto do santuário de cúpula dourada Imam Ali em Najaf.

Uma foto oficial do Vaticano mostrava Sistani, 90, em sua tradicional túnica xiita preta e turbante sentado em frente a Francisco, em sua batina branca.

Francisco então foi para as ruínas da antiga Ur no sul do Iraque, venerado como o local de nascimento de Abraão, pai do judaísmo, do cristianismo e do islamismo.

Depois de voar de volta a Bagdá, ele deve celebrar uma missa na Catedral Caldéia de São José.