A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou nesta sexta-feira (12) o medicamento Remdesivir para tratar Covid-19.
Esse é o primeiro fármaco com recomendação em bula para tratar a doença. O remédio foi aprovado no ano passado pelas agências reguladoras dos Estados Unidos e da Europa para uso em pacientes hospitalizados.
O remdesivir é um medicamento antiviral desenvolvido pela farmacêutica americana Gilead, que começou a ser desenvolvido em 2009. Inicialmente, ele foi testado contra hepatite C e contra o vírus sincicial respiratório, que causa a maioria das pneumonias e bronquiolites em bebês.
A aplicação da droga é por via intravenosa por até 10 dias, de acordo com a bula. Ela pode ser usada em pessoas com mais de 12 anos que pesem mais de 40 kg.
Um estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos mostrou que o uso do medicamento em paciente avançados de Covid-19 reduziu em 31% o tempo de internação, de 15 para 11 dias em média. O estudo apontou também uma redução da mortalidade (de 11,2% para 8%), mas o resultado não é estatisticamente significativo.
Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha explicou à CNN que o uso do remdesivir contra a Covid-19 pode ser útil para a redução do tempo de internações em casos graves da doença no país.
“Qualquer alteração que tenhamos de diminuição de tempo [da doença], gravidade ou utilização de ventilação mecânica e até para diminuir a situação que estamos de hospitais lotado já é notícias bem-vindas”, afirmou.
Nos EUA, o tratamento de cinco dias, com seis doses do remédio, custa US$ 2.340, o equivalente a quase R$ 13 mil.
A recomendação do uso do remdesivir não é unânime. Em outubro do ano passado, a OMS divulgou uma pesquisa feita com mais de 11 mil pacientes que receberam cloroquina/hidroxicloroquina, interferon, lopinavir/ritonavir e remdesivir, de forma isolada ou combinada.
Os resultados mostraram que nenhum deles reduziu de forma significativa a mortalidade ou tempo de hospitalização.
“O remdesivir pode ter recebido a aprovação do FDA [agência reguladora dos EUA], mas não a recomendação da OMS por causa das pesquisas mais recentes – que inicialmente mostraram algum benefício contra a Covid-19, mas à medida que mais dados se acumulam, isso parece estar mudando”, disse Amesh Adalja, acadêmico sênior do Centro Johns Hopkins para Segurança Sanitária.
Cunha destaca que o custo-benefício do remédio precisa ser avaliado para a utilização no Brasil, mas, que num momento de colapso nos sistemas de saúde, a droga pode ser fundamental para salvar vidas.
“A posição da OMS é exatamente para esse lado. O custo [do redemsivir] com certeza limita muito a utilização de uma medicação que só vai conseguir diminuir tempo de internação. Mas, para nós, nesse momento, seria muito importante.”