O Dia da Escola é comemorado anualmente no Brasil em 15 de março. O papel dos ambientes de aprendizagem na vida do estudante está além de ser um espaço pedagógico para aprender a ler, escrever e adquirir conhecimentos formais. É na escola que muitos ganham os primeiros amigos e fazem laços que os acompanham por longos períodos. Para educadores, manter esse vínculo na pandemia é essencial para os estudantes e suas famílias.
Para Juliana Hampshire, psicóloga e consultora pedagógica do Laboratório Inteligência de Vida, criar e fortalecer vínculos entre educadores e estudantes é um desafio necessário porque é também o caminho possível para que ensino e aprendizagem possam acontecer.
“O momento que estamos enfrentando hoje tem exigido muito dos educadores, dos estudantes e das famílias. Estamos iniciando um ano letivo com algumas marcas do que foi 2020, entendendo e reforçando protocolos de segurança. Ninguém ensina ou aprende bem quando não se sente visto, acolhido e ouvido”, disse a psicóloga, ao site Porvir.
Tratando-se especificamente da primeira infância, a escola tem o papel de desenvolver as funções cognitivas e o lúdico. Assim, a importância de brincar, tocar, abraçar e compartilhar são ações ensinadas desde cedo, mas que por questões de segurança precisaram ser suspensas temporariamente em razão da prevenção à Covid-19.
De acordo com a diretora do Colégio Essere, Priscila Raso, a volta às aulas para a turma da educação infantil deverá ser diferente dos ensinos fundamental e médio e das faculdades, em que os alunos retomam as matérias. Segundo a diretora, o retorno para a educação infantil é delicado porque envolve o emocional das crianças, por isso este público ainda precisa manter as atividades em casa por mais tempo. Contudo, ela alerta para a importância de manter o vínculo escolar, pois o distanciamento da escola, de forma repentina, causa prejuízo para o desenvolvimento infantil.
Para a educadora, o desafio para os profissionais da educação que lidam com o público infantil vai ser trabalhar a questão emocional na volta às aulas. Por isso, manter o vínculo da criança com a escola durante o isolamento social é importante. “Esse período mexeu muito com a saúde mental das crianças. Teve muita mãe que ligou perguntando o que fazer”, pontua.
Ciente da importância da escola para os filhos, a pedagoga Isabele Louise, 35, acompanha, de perto, a educação do Romeo, de 3 anos, e Lorenzo, 10. O filho mais velho do casal, o Lorenzo, está no ensino básico, e o caçula Romeo ainda não está na escola, mas já tem atividades para fazer. A mãe é a responsável por passar lições para ele. “Em casa é muito natural. Eu cobro um pouco, nessa parte tem que ter controle porque, às vezes, me vejo cobrando muito”, pondera Isabele.
Curiosidade: origem da primeira escola no Brasil
Historiadores atribuem aos padres jesuítas a origem das escolas no território nacional, quando em meados de 1549 chegaram ao Brasil com a Companhia de Jesus, comandada pelo padre Manuel da Nóbrega, com o objetivo de difundir a fé católica por meio da catequização dos índios.
Os padres ensinavam escrita, leitura, matemática e a doutrina religiosa. Porém, os jesuítas foram expulsos das terras brasileiras em 1759, quando posteriormente instituiu-se o ensino laico. Desse modo, as igrejas deixaram de ser responsáveis pelo ensino, mas a religião continuou sendo ensinada nas aulas.
No Brasil, registros apontam que o primeiro professor oficial foi o padre jesuíta José de Anchieta. Ela utilizava uma pequena sala para celebrar missas e lecionar em Salvador (BA). No entanto, a origem da docência vem de milhares de anos atrás, na Grécia Clássica, e os filósofos gregos são considerados os primeiros professores.