A Polícia Legislativa do Senado deve indiciar o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Filipe Martins, por fazer um gesto intencional com a mão direita que foi interpretado pelos parlamentares como “obsceno”.
A ação aconteceu no dia 24 de março quando Filipe Martins acompanhava o agora ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em uma sessão de debates sobre a atuação do Itamaraty na contratação de vacinas contra Covid. Sentado atrás de Araújo, Martins juntou os dedos indicador e polegar da mão direita de forma arredondada.
O gesto foi visto como obsceno por parlamentares e comparado a uma saudação utilizada por supremacistas brancos, já que a mão posicionada desse jeito formaria as letras WP (“white power”, ou poder branco). Em uma rede social, Martins disse que estava somente ajeitando a lapela do terno.
Segundo apurou o blog, uma perícia realizada nas imagens mostrou que Martins não encostou no terno, o que derruba a justificativa apresentada pelo assessor palaciano.
Martins prestou depoimento nesta quarta-feira (7) na Polícia Legislativa do Senado. O procedimento faz parte da apuração interna determinada no mês passado pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República deve ser denunciado à Justiça com base na legislação que criminaliza, com pena de um a três anos, quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Para senadores ouvidos pelo blog, haverá uma forte pressão para tirar Filipe Martins do Palácio do Planalto depois do indiciamento.
Como informou o blog, o presidente Jair Bolsonaro já tinha avisado para interlocutores que iria afastar Martins. Mas houve grande mobilização da ala ideológica do governo, inclusive dos filhos do presidente, pela manutenção de Filipe Martins.