Sem detalhar exatamente o que aconteceu e quem seriam os autores da ação, iranianos advertiram que se reservam o direito de tomar medidas contra os responsáveis.
Um acidente na instalação nuclear iraniana de Natanz neste domingo (11) foi resultado de um ato “terrorista”, disse o chefe nuclear do país, Ali Akbar Salehi, segundo a TV estatal.
Ele disse que a comunidade internacional e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) precisam lidar com o que ele chamou de terrorismo nuclear. Ele acrescentou que o Irã se reserva o direito de tomar medidas contra os responsáveis, informou a TV.
O Irã havia divulgado mais cedo no domingo que um problema com a rede de distribuição elétrica da instalação de Natanz causou um incidente.
“A República Islâmica do Irã, embora condene esta ação inútil, ressalta a necessidade da comunidade internacional e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de enfrentar o terrorismo antinuclear”, afirmou Salehi, em comunicado transmitido pela emissora estatal.
O “acidente” ocorreu um dia depois que o complexo Chahid-Ahmadi-Rochan de Natanz colocou em operação novos conjuntos de centrífugas, apesar de serem proibidas pelo acordo em relação ao programa nuclear iraniano, firmado em 2015.
A usina é um dos principais centros do programa nuclear da República Islâmica.
“Tivemos um acidente em uma parte da rede elétrica da instalação de enriquecimento de Chahid-Ahmadi-Rochan. Há um apagão […], mas não sabemos a causa”, informou mais cedo citando o porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã , Behrouz Kamalvandi em entrevista por telefone a uma emissora estatal, dando a entender que a falha ainda não havia sido reparada no meio da manhã.
Kamalvandi não especificou se o apagão ocorreu apenas na usina de enriquecimento ou se também afetou outras instalações do complexo.
“Felizmente, não houve mortes, feridos ou contaminação. Não houve nenhum problema em particular, o acidente está sendo investigado”, ressaltou o porta-voz à emissora, acrescentando que “não tinha mais informações até o momento”.
“Este incidente, que ocorreu [no dia seguinte] ao Dia Nacional da Tecnologia Nuclear e com o Irã fazendo um esforço para que os ocidentais suspendam as sanções, é altamente suspeito de [funcionar como um ato de] sabotagem ou infiltração”, denunciou no Twitter o deputado Malek Chariati, porta-voz da Comissão Parlamentar de Energia.
“Considera-se que a falha no circuito elétrico de Natanz [é] resultado de uma operação cibernética israelense”, tuitou o jornalista da emissora pública israelense Amichai Stein, sem fornecer dados para comprovar essa afirmação.
No início de julho, uma fábrica de montagem de centrífugas em Natanz foi seriamente danificada por uma explosão misteriosa. As autoridades concluíram que este foi o resultado de uma “sabotagem” de origem “terrorista”, mas ainda não divulgaram os resultados da investigação.
Naquela época, a agência oficial Irna alertou Israel e os Estados Unidos que deveriam evitar qualquer ação hostil.
No sábado, o presidente iraniano Hassan Rouhani inaugurou remotamente a nova fábrica de montagem de centrífugas Natanz, ao mesmo tempo em que ordenou que prosseguissem com os três novos conjuntos de centrífugas para serem iniciados ou testados.
Isso permitirá ao Irã enriquecer o Irã mais rapidamente e em maiores quantidades, em volumes e com um nível de refinamento proibido pelo acordo, firmado em Viena entre a República Islâmica e a comunidade internacional, em 2015.