Conheça os principais gatilhos e as maneiras de melhorar a qualidade de vida
Sentir dor de cabeça intensa e latejante duas ou três vezes por semana num período maior que três meses é a realidade de aproximadamente 30 milhões de brasileiros que sofrem com enxaqueca, a segunda doença mais comum do mundo. O problema é de origem genética e precisa de gatilhos para desencadear crises. Apesar de atingir tantas pessoas e prejudicar a qualidade de vida, a automedicação ainda é mais comum do que a busca por ajuda profissional.
Existem mais de 200 tipos de cefaleia (dor de cabeça) catalogadas pela medicina. “É uma queixa muito prevalente da população de todas as faixas etárias, mas pega principalmente a faixa produtiva, que são pessoas de 20 aos 50 anos. Entre os tipos primários, cuja dor não têm relação com nenhuma disfunção orgânica identificada, como tumores cerebrais, sangramentos, AVC, contusão na cabeça, trombose, meningite, entre outros problemas, a enxaqueca é uma das mais comuns e atinge mais mulheres do que homens, mas também afeta crianças”, explica a neurologista clínica da Santa Casa de Maceió, Clécida Rebouças.
De moderada a intensa, a dor da enxaqueca tem característica pulsátil, às vezes em apenas um lado da cabeça, e em precedida por outros sintomas chamados de auras, quando pode haver hipersensibilidade ao toque, dificuldades com a fala, distúrbios visuais como flashes de luz ou visão borrada, paralisia ou sensação de formigamento em algum membro. Os sintomas começam gradualmente e duram de cinco minutos a uma hora.
“O enjoo é um dos sintomas muito frequentes, assim como os vômitos, que podem ser bem intensos e deixar o paciente bastante prostrado. Se ele vomitar muito, nem sempre consegue absorver as medicações orais e, às vezes, precisam da emergência para receber medicação injetável para controlar a dor”, disse a especialista.
Mas para a enxaqueca acontecer são necessários um ou mais gatilhos. Entre os mais comuns estão a ingestão de alguns alimentos (chocolate, carnes processadas e queijos amarelos, por exemplo), noites mal dormidas, bebida alcóolica e menstruação, fatores que fazem com que às crises aconteçam quase sempre do mesmo jeito. Se as crises forem muito frequentes, os especialistas indicam o tratamento profilático para prevenir as dores de cabeça.
“É muito frequente a falta ao trabalho devido às crises de enxaqueca. A dor é muito incapacitante e a pessoa não consegue se concentrar nas atividades. Caso continue, a produtividade é diminuída, por isso a importância do autoconhecimento para não menosprezar os sintomas, nem a doença. Procurar um neurologista é muito importante para evitar que a dor se torne crônica, impedindo ou diminuindo as faltas ao trabalho ou a perda de ocasiões de lazer. Estar bem orientado também evita a automedicação, o que pode causar a dependência do paciente por analgésicos e o desenvolvimento de outras síndromes dolorosas”, destaca Clécida Rebouças.