Déficit populacional na região mais populosa do país foi puxado pela diferença a favor dos óbitos nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. No Brasil, fenômeno foi observado em nove capitais
O número de mortes superou o de nascimentos registrados no Sudeste em abril deste ano, apontam dados preliminares do Portal da Transparência do Registro Civil. Até sexta-feira (30), os estados somavam 84.742 mortes e 79.924 nascimentos. É a primeira vez que isso acontece na região desde o início da série histórica em 2003.
Se comparado ao mês anterior, houve variação de 167% na diferença entre o número de mortos e nascimentos.
Em abril deste ano foram 4.818 óbitos a mais do que nascimentos. No mesmo período do ano passado foram 37.075 nascimentos a mais do que óbitos.
O dado expõe a alta mortalidade do mês de abril, sobretudo, pela pandemia de coronavírus. Na quinta-feira (29), a Fiocruz informou que a taxa de letalidade entre os infectados pela Covid-19 aumentou de 3% em março para 4,4% em abril.
A base de dados é abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos registrados nos Cartórios de Registro Civil do País. Os números ainda podem ser alterados, uma vez que o Portal da Transparência do Registro Civil tem um prazo legal de até 14 dias para lançar os registros de óbitos na plataforma.
Abril mortal no sudeste
Formado por quatro estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais), o Sudeste é a região mais populosa do país, somando 85 milhões de habitantes.
O número de mortos também foi superior ao de nascidos vivos nos dois estados mais populosos da região: São Paulo e Rio de Janeiro.
SP
Em São Paulo, o registro é inédito. Desde o início da série histórica, em 2003, a diferença sempre foi positiva a favor dos nascimentos. Em abril deste ano, o estado registrou cerca de 3 mil óbitos (45.828) a mais do que o número de nascidos vivos (43.111). Em abril de 2020, foram 21.068 nascimentos a mais do que óbitos.
Também pela primeira vez, o decréscimo populacional foi observado na cidade mais populosa do país. Ao todo, foram 12.706 óbitos e 12.196 nascimentos neste ano, enquanto que em abril de 2020 foram quase quatro mil nascimentos a mais que óbitos.
MG
Minas Gerais apontou, até a última atualização do Registro Civil, apenas 41 nascimentos a mais do que óbitos. Em janeiro de 2020, esta diferença era de 10.348 registros de nascimentos a mais.
Na capital mineira, entretanto, o diferença mostra aumento no número de mortes. Foram registrados 2.501 óbitos e 2.115 nascimentos.
RJ
O fenômeno não é novidade no Rio de Janeiro, que pela terceira vez registra maior número de óbitos desde o início da pandemia. O estado já havia superado esta marca em maio e dezembro de 2020. Em abril deste ano, foram cerca de 2.453 mortes a mais do que nascimentos.
Na capital do estado a situação é ainda mais grave. Será o oitavo mês com mais falecimentos do que nascidos desde que a pandemia teve início.
ES
Entre os estados da região, o Espírito Santo foi o único que conseguiu manter uma diferença positiva a favor dos nascimentos. Foram 311 nascimentos a mais do que óbitos.
Já a capital, Vitória, registrou pela primeira vez um mês com mais óbitos neste mês. Foram 466 óbitos e 411 nascimentos. No mesmo período do ano passado, foram registrados 208 nascimentos a mais do que óbitos.
Aumento de óbitos no Brasil
Embora o sudeste apresente números inéditos de decréscimo populacional, o fato não se restringe a região.
Além das capitais sudestinas, também foi observado diferença positiva a favor do número de mortes nas seguintes capitais: Curitiba (PR), São Luís (MA), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE) e Recife (PE).
Se os números preliminares se confirmarem, será a primeira vez que Curitiba, no Paraná, registra maior número de óbitos desde o início da série histórica.
Entre os estados, o Rio Grande do Sul registrou pelo segundo mês seguido mais óbitos do que nascimentos. A capital, Porto Alegre, teve o quarto mês consecutivo com mais mortes do que nascimentos, com diferença de 766 óbitos.