Política

Pazuello diz que estoque de oxigênio em Manaus ficou negativo por 3 dias; senador rebate: ‘Informação mentirosa’

TV Senado

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O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou à CPI da Covid nesta quarta-feira (19) que o estoque de oxigênio hospitalar em Manaus ficou negativo durante três dias em janeiro. A fala gerou revolta de senadores na comissão. Eduardo Braga (MDB-AM) disse que o ex-ministro estava mentindo e que a carência do insumo durou mais.

“Quando a gente observa os mapas, a gente vê que a White Martins [empresa que fornece o oxigênio] começa a consumir seus estoques já no fim de dezembro. Então ela tem um consumo, uma demanda e começa a entrar no negativo, e esse estoque vai se encerrar no dia 13 [de janeiro], quando acontece uma queda de 20% na demanda e no consumo do estado. No dia 15, já voltou a ser positivo, o estoque de Manaus”, afirmou Pazuello.

 

Neste momento, Braga interrompeu para dizer que a informação passada pelo ministro estava errada.

“Informação errada, mentirosa. Não faltou oxigênio no Amazonas apenas 3 dias. Faltou oxigênio na cidade de Manaus por mais de 20 dias. É só ver o número de mortos. É só ver o desespero”, interveio o senador.

Desfazer contrato

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse no depoimento que “nunca o presidente da República me mandou desfazer qualquer contrato”.

No dia 21 outubro de 2020, o presidente da República Jair Bolsonaro disse que mandou cancelar o protocolo de intenções de compra de 46 milhões de doses da vacina CoronaVac, anunciado no dia anterior por Pazuello em uma reunião com governadores. No dia 22 de outubro do mesmo ano, o ex-ministro apareceu ao lado de Bolsonaro em uma transmissão ao vivo e disse que era “simples assim: um manda e o outro obedece”

“Nunca o presidente da república me mandou desfazer qualquer contrato, qualquer acordo com o Butantan, em nenhuma vez. Eu gostaria de colocar aqui uma coisa aqui diretamente, ou por documento ou por qualquer um”, disse o ex-ministro.

Pazuello relatou à Comissão que estava com Covid no dia em que apareceu na transmissão ao vivo ao lado de Bolsonaro. O ex-ministro disse que sua declaração (“um manda e o outro obedece”) é apenas um “jargão militar”.

“Naquele momento eu estava com Covid, estava no segundo ou no terceiro dia e o presidente foi me visitar, quando ele chegou na visita, nós estávamos conversando e a discussão era aquela, que a internet estava ‘bombando’ dizendo quem manda em quem. Então, na verdade, aquilo é só um jargão militar, apenas uma posição de internet, mais nada”.

O ex-ministro disse que havia fechado uma carta de intenções para compra da CoronaVac e que logo depois o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), teria publicado um vídeo com uma “posição política”.

“Quando nós fechamos a carta de intenções eu coloquei isso para os governadores, naquele momento houve um vídeo gravado pelo governador de São Paulo e esse vídeo era um vídeo com uma posição política do governador. Colocando, ‘está vendo, comprou, disse que não vai comprar, que vai comprar’ e isso causou uma reação na discussão”.

Ainda, segundo Pazuello, o presidente Jair Bolsonaro respondeu ao vídeo de Doria e que a declaração “não interferiu em nada do que nós estávamos falando com o Butantan”.

“Eu queria colocar aqui, queria lembrar que o presidente da república, ele fala, ele fala como chefe de estado, ele fala como chefe de governo, ele fala como comandante e chefe das forças armadas, chefe da administração federal, mas fala também como agente político. Ele se pronuncia como agente político”, disse.

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