Pedro Figueiredo, repórter da Globo, se pronunciou após ser alvo de comentários homofóbicos do padre Paulo Antônio Müller, da Paróquia NSA de Tapurah, a 428 km de Cuiabá. O jornalista recebeu uma declaração do marido, Erick Rianelli, que também trabalha na emissora, durante o Bom Dia Rio.
“Não é como a Globo apresenta, dois viados, me desculpa, mas dois viados, um repórter pra um viadinho chamado Pedrinho. Ridículo. Que chamem a união de dois viados, de lésbicas do que quiserem como querem, mas não de casamento, por favor. Isso é uma falta de respeito para com Deus, isso é sacrilégio é blasfêmia”, disse o padre durante uma missa, que foi transmitida na internet.
Vale lembrar que a homofobia e a transfobia foram criminalizadas em junho de 2019 e a pena pode chegar a três anos, além de multa. Nesta quarta-feira (16), no Instagram, Pedro agradeceu o carinho dos fãs após a fala preconceituosa do religioso.
“Quem nunca sonhou em receber uma declaração de amor na TV !? Eu tive essa sorte. Foi no ano passado, no dia dos namorados. Os repórteres e as repórteres que estavam ao vivo no Bom Dia Rio se declararam pra seus amores. Naquele dia, o @erickrianelli era o único LGBT do grupo. E a mensagem viralizou. Foi espontâneo, foi sincero, mas também foi um canhão de afeto. Inspirou e representou muita gente. Agora, um ano depois, voltou a viralizar. Dessa vez acompanhada por mensagens de ódio. Temos um profundo respeito por todas as religiões. Acreditamos no afeto e em seu poder de transformação. A Oração de São Francisco diz: ‘Onde houver ódio, que eu leve o amor’. É assim que vamos seguir em frente. Obrigado a todas as mensagens de carinho que temos recebido”, escreveu Pedro.
Por meio de nota, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso afirmou que vai investigar as declarações de Müller. “O Ministério Público Estadual, por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos e Diversidades, repudia qualquer tipo de discurso de ódio. Reitera que as declarações efetuadas pelo padre extrapolaram a liberdade religiosa e que podem até mesmo resultar na propositura de medidas extrajudiciais, de ação civil pública por dano moral coletivo causado à sociedade, bem como ação penal, por eventual crime cometido”, afirmou a instituição.