Atriz e ativista ambiental conversou com Quem sobre como tem sido sua luta durante a pandemia do novo coronavírus
Christiane Torloni, de 64 anos, tem seu rosto conhecido por estrelar novelas de sucesso na Globo. Mas, nos últimos tempos, a atriz também tem desempenhado um papel importante como ativista ambiental. Ela, que chegou a se oferecer como voluntária para ajudar a apagar os incêndios das queimadas no Pantanal, teve que adaptar sua luta em meio à pandemia do novo coronavírus.
“A militância está sendo feita à distância, porque, infelizmente, com a questão da pandemia, as viagens foram todas canceladas. O trabalho que faço junto com a Amazônia Sustentável, a base fica no Amazonas. Mas todo trabalho eles continuam fazendo lá, até o apoio a chegada de insumos nas comunidades ribeirinhas mais remotas da Amazônia. Entrem no site dela para ver o trabalho que essa instituição tem. As pessoas estão ali na linha de frente, arriscando suas vidas em prol de um bem maior, que beneficia a todos nós”, declara.
Uma saída encontrada pela artista é a divulgação de campanhas por meio de suas redes sociais. Torloni empresta sua imagem e audência na web para colaborar com ONGs sérias.
“S.O.S Amazônia também deu uma parada por conta dessa terceira onda da pandemia. Mas continuo fazendo posts. Nós fazemos um trabalho de prevenção às queimadas, como aconteceu ano passado. Estamos vivendo a pior seca dos últimos 41 anos, por conta do aquecimento global. Eles também arrecadam fundos para equipamentos dos brigadistas e expansão das áreas de atuação deles. Ainda tem todo um trabalho de educação ambiental com a população local”, relata.
O documentário Amazônia – O despertar da Florestania (2019), dirigido pela atriz e Miguel Przewodowski também segue levando conscientização ambiental para o mundo inteiro, retratando a triste realidade do desmatamento na maior floresta tropical do mundo.
“O filme continua fazendo uma carreira em festivais internacionais. Ele é exibido em várias universidades, principalmente nos Estados Unidos, onde há um interesse enorme sobre a questão da Floresta Amazônica. Eu e o Miguel temos participado de vários debates no mundo todo. Isso tem sido muito bom. Por outro lado, faço parte de uma Instituição ligada a ONU, a SPA (The Science Panel for the Amazon), que faz um trabalho maravilhoso com mais de 200 cientistas. Ela também tem membros como Sebastião Salgado (fotógrafo conhecido por relatar o cotidiano), pessoas ligadas ao universo da arte, da cultura e não exatamente na ciência, no esforço de levar o que está acontecendo no momento em relação a esses desequilíbrios ambientais”, explica.
Torloni acredita na correlação da proliferação de novos vírus com a destruição de ecossistemas. “Com certeza, essas grandes pandemias que nós tivemos no passado tem a ver com as invasões que fizemos dentro daquele ecossistema onde o vírus vive em controle. Na natureza, eles estão neutralizados. Os animais e os insetos têm uma relação harmoniosa com esses vírus. Na medida que vamos desmatando e entrando, como nós estamos vendo lá na terra dos Ianomâmis, você cutuca o vírus com a vara curta e a resposta que nós estamos vendo é essa agora”, conclui.