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Preso acusado de abusar sexualmente de crianças da própria família durante 28 anos

Foram identificadas pelo menos 12 vítimas, entre elas uma criança de dois anos de idade. Ele também mantinha e compartilhava vídeos de pornografia infantil: 'Parte desse material tinha o próprio investigado contracenando com crianças', revela Polícia Civil.

Prisão do acusado de estupro aconteceu nesta quinta-feira — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Um homem acusado de abusar sexualmente de crianças da própria família há 28 anos foi preso na manhã desta quinta-feira (24) em Resende (RJ). Segundo a Polícia Civil, foram identificadas pelo menos 12 vítimas, entre elas uma criança de dois anos de idade.

O G1 recebeu nome e foto do acusado, que tem 48 anos, mas não divulgará em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente e às vítimas que eram diretamente ligadas a ele.

A investigação começou no fim do ano passado, depois que uma sobrinha e afilhada de batismo do acusado apresentou uma denúncia ao Ministério Público. Os relatos são fortes e descrevem com detalhes os atos sexuais praticados com ela.

No depoimento, a vítima também indicou que ele poderia ter fotos e vídeos de pornografia infantil no computador. A partir da denúncia, outras vítimas foram ouvidas e também descreveram os momentos de abuso que sofreram ao longo de vários anos — o primeiro aconteceu em 1993.

Em outubro de 2020, a Justiça expediu um mandado de busca e apreensão na residência do investigado. Na ocasião, foram recolhidos vários dispositivos de armazenamento de mídia, como computadores, CDs, pen drives, celulares, cartões de memória e HDs externos.

Desde então, o material passou por análise da perícia, que confirmou o armazenamento de fotos e vídeos de pornografia infantil, seja de outras pessoas ou produzidos por ele mesmo. Há também conversas pela internet que indicam que ele tenha compartilhado o material com outras pessoas.

“Os laudos periciais comprovaram que o investigado armazenava milhares de fotos e vídeos pornográficos envolvendo menores de idade. Parte desse material tinha o próprio investigado contracenando [em cenas de sexo explícito] com crianças e adolescentes, que foram identificadas e ouvidas no curso da investigação”, informa nota divulgada pela Polícia Civil de Resende.

O acusado foi levado para a delegacia de Resende e responde por estupro de vulnerável, assédio, importunação sexual, violação sexual mediante fraude e produção, armazenamento e compartilhamento de material pornográfico envolvendo crianças.

Dependência financeira e promessas de presentes
Segundo a investigação, o acusado se aproveitava da proximidade com os pais das vítimas para manter contato íntimo com as crianças. Em alguns casos, ele oferecia presentes, como computadores, em troca do que chamava de “brincadeiras”.

“Se aproveitava das relações familiares e afetivas com os pais das vítimas, que nele depositavam confiança, sem desconfiar do real objetivo da aproximação”, explicou a Policia Civil, em nota.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, alguns integrantes da família sabiam deste comportamento criminoso, mas optavam por não fazer a denúncia para evitar o envolvimento da polícia com medo de represálias.

Também havia a dependência financeira e emocional da esposa e dos filhos. O casamento de 27 anos foi encerrado logo após a visita de oficiais de Justiça para o cumprimento do mandado de busca e apreensão, em outubro de 2020.

Demitido por justa causa por assédio
Ainda segundo a Polícia Civil, o acusado trabalhou por 12 anos no polo industrial de Porto Real (RJ) e foi demitido por justa causa em novembro de 2020 após denúncias de assédio sexual no ambiente de trabalho.

De acordo com o relato de uma funcionária, ele apresentava “comportamento abusivo, abraçava e beijava de forma diferente e ficava perseguindo colegas de trabalho nas redes sociais”.

Uma estagiária contou que o acusado “exaltava suas qualidades, dizia que ele podia ajudá-la a alcançar cargos mais altos e elogiava sua beleza de forma constrangedora”.

Outra ex-colega de trabalho relatou que que sempre se sentia desconfortável ao encontrá-lo, pois ele “insistia em cumprimentar dando beijos molhados próximos da boca e abraços apertados”. Disse ainda que “houve a sensação geral na empresa de justiça e alívio” quando aconteceu a demissão.