O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender a impressão dos comprovantes de votação nas eleições de 2022 como a única maneira de o país ter “eleições limpas”. Ele criticou uma suposta articulação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a iniciativa.
“Tem uma articulação de três ministros do Supremo para não ter o voto auditável. Se não tiver, vão ter que apresentar uma maneira de termos eleições limpas. Se não tiver, vão ter problemas no ano que vem”, disse o presidente a apoiadores na saída do Palácio do Planalto, sem citar quem seriam os três ministros.
Ele disse que seu apoio à iniciativa é uma forma de se “antecipar a problemas para o ano que vem”, já que apenas com o voto auditável seria possível ter certeza de que os votos são destinados a quem, de fato, o eleitor escolhe nas urnas eletrônicas.
Após as críticas de Bolsonaro, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, reafirmou a confiança no sistema eleitoral e lembrou a jurisprudência do Supremo sobre o assunto.
“Já na minha época no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tivemos um acórdão do Supremo, declarando que a votação não poderia ser através do voto impresso porque aquilo violaria o sigilo do voto. Então eu fico com a jurisprudência do Supremo”, explicou Fux.
“Nossas eleições sempre foram limpas. O próprio de presidente Bolsonaro foi eleito pela urna eletrônica em uma eleição limpa.”
Em discurso de despedida do ministro Marco Aurélio Mello, que se aposenta no dia 12, o ministro Dias Toffoli também reforçou confiança na urna eletrônica. “A história está aí a comprovar a credibilidade da Justiça Eleitoral, expressa por meio das urnas eletrônicas, na confiança de que o voto dado é efetivamente o voto contabilizado”, afirmou.
Eleições confiáveis
Assim como em ocasiões anteriores, em que criticou o sistema de votação brasileiro, Bolsonaro não apresentou provas ou evidências do que seriam essas fraudes na eleição.
“Como está aí, a fraude está escancarada. E não vai ser só para presidente não, vai ser para governador, senador, fraude”, afirmou Bolsonaro.
Ainda na manhã desta quinta, Bolsonaro disse que “se essa articulação [do STF] prosperar, esses três [ministros] vão ter que inventar outra maneira de termos eleições confiáveis com a contagem pública de votos, caso contrário vamos ter problemas no ano que vem no Brasil”.
O presidente afirmou também que o argumento de que a impressão dos comprovantes de voto custaria cerca de R$ 2 bilhões não é problema.
“Não adianta vim com argumentozinho de que é muito caro, dinheiro tem. Já está arranjado o dinheiro para as eleições, para comprar a impressora, então nós queremos eleições limpas no ano que vem”, disse.
E concluiu se referindo ao ex-presidente Lula, cujas condenações pelo ex-juiz Sergio Moro foram revertidas pelo STF, dizendo que isso foi feito para que ele volte ao poder em 2022. “Tiraram o Lula da cadeia, tornaram elegível para ele ser presidente na fraude. Isso não vai acontecer.”