Santa Casa de Maceió já realizou mais de 300 procedimentos de retirada de focos da doença
O tratamento cirúrgico da endometriose profunda é indicado quando, mesmo com uso de medicação, a paciente não apresenta melhora dos sintomas, persistindo com dores incapacitantes que dificultam suas atividades diárias, como dor intensa durante o ato sexual, localização das lesões que podem comprometer outros órgãos, como iminência de obstrução intestinal e urinária, e, em casos de infertilidade, nos quais não se pode usar anticoncepcionais.
Hoje, Alagoas possui o Centro de Endometriose de Maceió (CEMA), um grupo multidisciplinar e multiprofissional especializado no tratamento da endometriose profunda, composto por ginecologistas, cirurgiões colorretais, urologistas e radiologistas especializados, aptos a discutir os casos complexos, realizando uma abordagem conjunta, visando a melhora da qualidade de vida das pacientes. “O CEMA nos deixa muito orgulhosos, pois ao conversarmos com colegas de outros estados do Nordeste e grandes centros do Sul e Sudeste, vemos o quanto estamos no mesmo patamar na assistência da endometriose”, destacou cirurgião oncológico Claudemiro Neto.
De acordo com a literatura médica, a via minimamente invasiva (videolaparoscopia e a robótica) é a melhor porta de entrada na abordagem da endometriose intestinal, há maior riqueza de detalhes, menos dor no pós-operatório, diminuição do risco de aderência intestinal no futuro, alta precoce, menor taxa de sangramento, retorno às atividades cotidianas mais rápido, com menor impacto em sua produção.
A recuperação da cirurgia dependerá da extensão da doença e o limiar de dor de cada paciente. No entanto, na maioria dos casos, em aproximadamente 15 dias, as pacientes estão aptas para retornar às suas atividades diárias. “Quando a paciente chega em nosso consultório, o primeiro estigma a ser quebrado é o da temida “bolsinha” (colostomia). É importante esclarecer que isso não é a regra, alguns estudos relatam complicações maiores e menores, em um risco variando entre 5% a 38% dos casos, respectivamente”, destacou o ginecologista Felipe Albuquerque.
Para o sucesso do procedimento, há a necessidade das pacientes estarem saudáveis e bem nutridas. Na Santa Casa de Maceió é realizado um preparo nutricional pré-operatório para otimizar a cicatrização e o adequado funcionamento intestinal no pós-operatório.
SERVIÇO – Formada pelos cirurgiões Felipe Albuquerque, Claudemiro Neto, Camilo Câmara e Tiago Cajueiro, a equipe da Santa Casa de Maceió começou a realizar cirurgias de endometriose profunda no ano de 2018. Desde então, pouco mais de 300 casos foram executados, com o registro de somente cinco complicações, quatro dessas tratadas de forma clínica e um caso necessitou de intervenção minimamente invasiva de drenagem.
“Isso demonstra que nossos índices de complicações maiores e menores estão dentro do que é preconizado pela literatura médica e variam entre aproximadamente 0,3% a 1,3%, respectivamente, o que nos motiva e nos faz acreditar que estamos no caminho certo. Até o momento não tivemos nenhuma paciente que necessitou ser reoperada para realizar colostomia devido a fístulas. Todos os resultados positivos que obtivemos até hoje somente foram possíveis porque trabalhamos em grupo, dividindo responsabilidades sem vaidades, pois o nosso maior objetivo é melhorar a qualidade de vida das nossas pacientes que já chegam bem sofridas. É com grande satisfação que recebemos nossas pacientes nos retornos, e escutamos os relatos de que a menstruação ocorreu sem dores ou que conseguiu engravidar. Essa é, sem dúvida, a nossa maior vitória”, finalizou Claudemiro Neto.