Brasil

Apartamento onde estelionatárias foram presas funcionava como ‘escritório do crime’, diz polícia

Altas movimentações e ostentação nas redes sociais Foto: Reprodução

O apartamento no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, onde uma quadrilha de estelionatárias foi presa na última semana funcionava como “escritório do crime”, de acordo com a Polícia Civil. Ainda segundo as investigações, no local funcionava uma espécie de central de telemarketing do grupo, usada para ligar para vítimas dos golpes aplicados. Entre o material apreendido pelos investigadores no imóvel, estava uma lista contendo mais de 10 mil dados de potenciais vítimas. Segundo a delegada Márcia Beck, da 40ª DP (Honório Gurgel), que está investigando o caso, ainda está sendo apurado quantas pessoas, de fato, caíram no golpe, mas ela estima que sejam milhares, porque atingia até moradores de outros estados. Uma das últimas vítimas do grupo mora no balneário de Camboriú, em Santa Catarina.

—Estamos entrando em contato com o delegado de lá para que possamos estender as investigações até Santa Catarina — afirmou.

A delegada contou que as investigações partiram de uma denúncia feita por uma vítima na delegacia. Durante o cumprimento do mandado de busca no apartamento do Recreio, expedido pela Justiça, a polícia apreendeu ainda seis computadores, vários aparelhos de telefones celulares, máquinas de cartão, anotações e diversos extratos indicando movimentação financeira feita pelo grupo. Todo esse material ainda está sendo analisado pela polícia.

Anna Carolina de Sousa Santos, Yasmin Navarro, Mariana Serrano de Oliveira, Rayane Silva Sousa e Gabriela Silva Vieira foram presas em um apartamento no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, na tarde da última quarta-feira. Segundo a investigação da polícia, no local funcionava uma espécie de “central de telemarketing”, utilizada para aplicar golpes nas vítimas.

A polícia constatou que a maioria das integrantes era oriunda de São Paulo e tinha vindo para o Rio de Janeiro especificamente para a prática criminosa. Pelo menos duas delas tinham formação superior completa.

Como o esquema funcionava

O esquema fraudulento, que em geral se valia de dados bancários, mas, principalmente, dos cartões de crédito da vítima funcionava da seguinte forma: A estelionatária ligava para as pessoas, repetindo um script já escrito no qual se passava por funcionária da central de relacionamento dos bancos.

Informava ter sido detectada compras supostamente fraudulentas feitas com o cartão da vítima e se oferecia para cancelar o cartão. Antes, pedia que fossem digitados dados como números da agência bancária e da conta, além da senha. Essas informações eram armazenadas pela quadrilha.

Presas por estelionato ostentavam vida de luxo nas redes sociais

O bando se valia também de motoboys, que eram enviados na casa das vítimas para pegar os cartões que seriam “cancelados”. Muitas vezes, quando o golpe dava certo, eles deixavam um papel timbrado com a pessoa para comprovar a retirada. O objetivo, segundo Márcia Beck era dar um ar de “credibilidade” para a ação fraudulenta.

E com os dados bancários dos cartôes das vitimas em mãos, incluindo senha, faziam Pix, transferência, empréstimos, saques e compras, usando todo o crédito disponível da vítima, causando um prejuízo financeiro muito grande para essas pessoas. Somente uma das integrantes da quadrilha movimentou R$ 400 mil em duas semanas, segundo a delegada. Algumas ostentavam uma vida de luxo nas redes sociais.

A delegada contou que no momento da prisão, policiais flagraram duas indiciadas fazendo ligação com duas vítimas. As cinco presas foram levadas para a 40ª DP , assim como laptops, celulares, anotações e máquinas de cartão de crédito para a análise da investigação. A prisão delas foi convertida em preventiva pela Justiça.

Como não cair nos golpes

Para evitar cair em golpes como o que era aplicado pela quadrilha, a delegada recomenda que ao receber uma ligação telefônica suspeita, a pessoa evite passar qualquer tipo de informação pessoal ou bancária, principalmente senhas de contas ou cartão. Ela recomenda ainda desligar e entrar em contato diretamente com o gerente responsável pela conta ou telefonar para a administradora do cartão do crédito, no número que vem no verso do mesmo.

— É preciso muito cuidado, porque tudo é muito bem organizado para conseguir enganar as vítimas — afirma a delegada, alertando que os bancos quando ligam para os clientes não costumam pedir dados pessoais e, muito menos, senhas.