A passageira que recebeu mensagens de um motorista de app da Uber com pedido de sexo oral ainda está insegura, segundo o advogado dela Matheus Azevedo de Castro Bonfá. Ele disse ao G1, nesta quarta-feira (18), que a cliente, uma estudante de 21 anos, não tem carro e, por isso, continua a usar serviços de transporte, mas com receio de ser assediada novamente.
“Essas situações são bastante traumáticas e afetam muito o psicológico de uma pessoa, ainda mais no caso dela, que era bastante jovem. Minha cliente ainda utilizada esses serviços, embora com receio”, declarou Matheus Azevedo.
O advogado disse que a moça tinha 19 anos à época, em setembro de 2019. Ele entrou com processo na Justiça em 2020 e ela ganhou R$ 7 mil de indenização por danos morais, em sentença de março deste ano.
O nome do motorista não foi divulgado. Por isso, o G1 não o localizou para se manifestar sobre o caso.
Em nota, a Uber informou que repudia qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater casos de assédio e violência. Informou ainda que o comportamento viola o código de conduta da empresa e que a conta do motorista foi desativada.
A jovem estava em uma festa universitária, em Anápolis, e solicitou o serviço para ir embora. Antes de aceitar a corrida, o motorista disse primeiro que cobraria um valor a mais. A jovem aceitou. Mas logo depois, o homem enviou mensagem pedindo que ela fizesse sexo oral nele. Ao ler o pedido, a cliente cancelou a corrida.
“Houve uma séria violação dos direitos de intimidade, dignidade e honra dela, inclusive na dimensão de dignidade e liberdade sexual, que envolvem o direito básico de poder livremente escolher com quem se relacionar amorosamente, sem constrangimentos”, ressaltou o advogado.
Segundo a sentença do juiz Leonys Campos Silva, a empresa tem a obrigação de responder pela ação do motorista e não apresentou provas de que o prestador de serviço tratou a passageira com o devido respeito.
“Pelo contrário, em sua contestação, a parte requerida [Uber] sequer contesta acerca do evento ocorrido, firmando sempre sua alegada ausência de responsabilidade quanto aos fatos narrado”, explicou o juiz.
A Uber repudia qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos de assédio e violência. Este tipo de comportamento configura violação ao Código de Conduta da Comunidade Uber e a conta do motorista foi desativada da plataforma.
A Uber defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro. Desde 2018, a empresa tem um compromisso público para o enfrentamento da violência contra a mulher, materializado no investimento em projetos elaborados em parceria com entidades que são referência no assunto, que inclui campanhas contra o assédio, podcast para motoristas parceiros sobre violência contra a mulher, entre outras ações.
A plataforma também conta com um processo de detecção automática de linguagem imprópria nas mensagens que são enviadas no bate-papo do aplicativo – tanto nas viagens quanto no Uber Eats. Palavras que possam ser consideradas ofensivas ou que ameacem a integridade de uma pessoa entram automaticamente em um processo de desativação permanente da conta original.