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João de Deus é preso em Anápolis acusado de estupro de vulnerável

Crédito: Reprodução/TV Anhanguera

João de Deus foi à Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, após escândalo de abuso sexual

João de Deus, acusado de uma série de abusos sexuais contra mulheres durante atendimentos espirituais foi preso nesta quinta-feira (26) em Anápolis, a 55 km de Goiânia. A prisão foi um pedido do Ministério Público. Ele já estava cumprindo pena em regime domiciliar.

O idoso sempre negou as acusações. A prisão é relativa à 15ª denúncia apresentada pelo MP contra o réu.

Ao G1, a defesa do acusado disse que recebeu a notícia da prisão com “espanto” e que “se mostra estarrecida diante da flagrante ilegalidade da nova prisão”. O advogado disse ainda que decisão da comarca de Abadiânia “atropelou conscientemente a outra decisão” que havia concedido prisão domiciliar humanitária para João Teixeira de Faria. A nota disse ainda que vai recorrer da decisão (veja na íntegra ao final do texto).

João de Deus foi levado para a Central de Flagrantes de Anápolis por volta de 11h. Conforme o delegado George Muniz Aguiar, o mandado foi cumprido por uma equipe da Polícia Militar, que usou um carro descaracterizado.

O idoso passou por exame de corpo de delito e deve ser encaminhado para o presídio da cidade até o final do dia, conforme o delegado.

De acordo com o Ministério Público, ao oferecer a última denúncia, foi feito um novo pedido de prisão contra ele pelo fato das vítimas se sentirem inseguras com ele cumprindo pena em regime domiciliar. Ainda de acordo com os promotores, a Justiça aceitou a denúncia, o tornando réu, e decretou a prisão.

Ele já esteve detido no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, entre dezembro de 2018 e março de 2020, mas, por causa da pandemia da Covid-19, foi autorizado a ficar em prisão domiciliar.

Relatos

No dia 7 de dezembro de 2018, mulheres começaram a denunciar que foram abusadas sexualmente por João de Deus durante atendimentos espirituais na casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. Uma força-tarefa foi criada para investigar os crimes e mais de 300 denúncias foram recebidas.

João de Deus foi preso no dia 16 de dezembro daquele ano. Desde então, já foi condenado por posse ilegal de arma e crimes sexuais contra 10 mulheres. Cerca de outros dez processos ainda estão em análise na Justiça.

Condenações

As denúncias contra João de Deus começaram a vir à tona em dezembro de 2018. Ele já foi condenado por:

  • por posse ilegal de arma de fogo, pena de 4 anos em regime semiaberto, novembro de 2019;
  • por crimes sexuais cometidos contra quatro mulheres, condenado a 19 anos em regime fechado, em dezembro de 2019;
  • por crimes sexuais cometidos contra cinco mulheres, sentenciado a 40 anos em regime fechado, em janeiro de 2020;
  • por violação sexual mediante fraude, a dois anos e meio de reclusão, que podem ser cumpridos em regime aberto, em maio de 2021.

Veja a íntegra da nota da defesa de João de Deus

“Concernente à concessão prisão do médium João Teixeira de Faria ocorrida na data de hoje( 26/08/2021), a defesa recebeu a notícia com espanto e se mostra estarrecida diante da flagrante ilegalidade da nova prisão, pois a decisão advinda da Comarca de Abadiânia atropelou conscientemente a outra decisão proferida anteriormente pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás que havia concedido prisão domiciliar humanitária ao Requerente em 11 de maio de 2021, à unanimidade de votos, lastreada nas diversas doenças que médium possui e também por ter mais de 80 anos. A despeito disso, a defesa irá recorrer, mas considera temerária a decisão que determinou o retorno do Requerente para a prisão, especialmente por tratar-se de idoso com mais de 80 anos idade e reconhecidamente doente, situação que se agrava porque estamos em meio a uma pandemia da COVID-19, onde todos sabem que idosos, mesmo completando o processo vacinal, fazem parte do grupo de risco. Joao Teixeira de Faria aguarda os tramites legais e após será recolhido no cárcere. Durante o período em que esteve sob as condições da prisão domiciliar cumpriu com todas as determinações da Justiça, não havendo motivação para que medida tão extrema fosse aplicada nesse momento”.