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Luciano Szafir sobre vida após internação por Covid-19: “Não sou mais o mesmo”

Ator e apresentador falou sobre sua recuperação após mais de um mês de internação, que incluiu intubação, embolia pulmonar e cirurgia de emergência no intestino

Luciano Szafir (Foto: Reprodução/Instagram)

Luciano Szafir é um novo homem desde que recebeu alta do Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, onde chegou a ficar mais de um mês internado devido a complicações causadas pela Covid-19, que o deixaram no Centro de Tratamento Intensivo e intubado. O ator e apresentador, de 52 anos, conta que, tanto fisicamente, quanto espiritualmente, hoje é uma nova versão de si mesmo.

“Não sou mais o mesmo Luciano de antes. O pós-Covid é tão complicado quanto o durante. A recuperação é lenta e entender isso ajuda muito. Tenho lapsos de memória, canso muito mais rápido e ainda fiz uma colostomia. Não é fácil, mas me sinto privilegiado por ter oportunidade de acompanhamento médico e toda assistência que preciso. Eu saí do hospital já com orientação de acompanhamento emocional. Pela primeira vez estou fazendo terapia. Tem sido fundamental para a minha recuperação. Depois dos altos e baixos e o risco de morte tão perto, os medos aumentam. As noites são sempre mais complicadas. Fico preocupado que algo aconteça, muitas sensações de angústia voltam a rondar os pensamentos. Mas, graças a Deus, estes momentos estão acontecendo cada vez menos”, conta Luciano, que teve que ser submetido a algumas cirurgias, entre elas a colostomia na região intestinal, que teve perfuração devido ao uso de anticoagulantes para tratar uma embolia pulmonar.

Passar por toda essa experiência abriu os seus olhos para a necessidade de ajudar outras pessoas que enfretaram os mesmos desafios, mas que não possuem condições de ter um tratamento. Luciano apadrinha o projeto Com Vida, de Raquel Trevisi, que ajuda a população carente no tratamento pós-Covid.

“E os que não têm a mesma oportunidade que eu? Por isso, aceitei o convite para ser padrinho do projeto Com Vida, idealizado pela Raquel Trevisi, que também é sobrevivente da Covid. Nele, batalhamos por doações para ajudar a grande fatia da população carente no tratamento pós-Covid”, explica ele, que enfrentou o vírus em duas ocasiões em menos de quatro meses.

Grato pela cura, a qual ele se refere como “um milagre”, Luciano se recorda dos momentos mais felizes após o sofrimento, o reecontro com os filhos, Sasha Meneghel, do relacionamento com Xuxa, e Mikael e David, do atual casamento com Luhanna Melloni.

“Rever meus três filhos foi um alívio que não sei como descrever. Quando eles estiveram no hospital e eu pude novamente sentir o cheiro deles, só conseguia agradecer pelo milagre de estar vivo. E o momento da alta também foi especial. Apesar da insegurança de não ser monitorado 24h por dia, sentir o vento no rosto e entrar na minha casa depois de 32 dias internado foi muito emocionante”, relembra.

“Desde que voltei para casa, a primeira coisa que faço quando abro os olhos é agradecer por estar vivo. Estou voltando com minha rotina aos poucos. Vivo um dia de cada vez. Faço a minha fisioterapia, vou tocando a vida profissional, tiro um tempo para meus filhos, minha mulher. Mas aprendi a respeitar os meus limites. Tem dias em que estou mais disposto, outros, nem tanto e tudo bem. Aprendi que a vida não pode ser desperdiçada com bobagens. Que não temos controle de nada. Por isso, temos que viver intensamente, ficar atentos aos mínimos detalhes, que passam despercebidos por causa da correria em que vivemos. Se cuidar e se respeitar. Parece clichê, mas realmente só damos valor quando perdemos. Aos que estão sofrendo com o vírus, sei que não é fácil, mas não percam a fé.”

Foi pouco mais de um mês de internação e muitas complicações causadas pela Covid. Como você descreve os dias com coronavírus?
De muita insegurança e instabilidade emocional. Passei por provas de fogo. Quando já estava comemorando a minha alta, fui surpreendido por uma embolia pulmonar, uma cirurgia às pressas e intubação. Tive muito medo. Só rezava e pensava nos meus filhos, na minha família. A ideia da possibilidade de nunca mais vê-los, era enlouquecedora. Tive muita fé, firmava o pensamento de maneira positiva, mas nem sempre conseguia. É um vírus perigoso e traiçoeiro.

Você começou a apresentar sintomas da doença justamente no dia em que tomaria a primeira dose da vacina, né?
Sim. Voltei de uma viagem a trabalho e senti os primeiros sintomas. Como já tinha sido infectado, a sensação era familiar. Estava na minha época de vacinar, mas aconselhado pela médica, fiz o teste, a tomografia e logo foi confirmado o positivo para a Covid, infelizmente.

Você foi contaminado duas vezes pelo coronavírus em menos de quatro meses. Como reagiu ao saber que tinha sido reinfectado?
Preocupado. Sempre usei duas máscaras, face shield… O álcool gel era e é meu fiel escudeiro. Levei muito a sério a quarentena. Só saía de casa por necessidade. Ainda assim, fui contaminado. Me questionei muito, mas não encontrei respostas. Mas acho que tudo que passei e ainda estou passando, serve de exemplo para todos que não acreditam na gravidade deste vírus. Eu tive a chance de viver, mas e os outros que não tiveram?!

Você levou vários sustos ao longo da internação. Qual foi o pior momento?
Estava prestes a ter alta, já estava sem o suporte de oxigênio, fora da ala de Covid, quando fui surpreendido por uma embolia pulmonar. Os medicamentos poderiam causar uma fissura no intestino e foi o que aconteceu comigo. Estava comemorando minha volta para casa, quando, de repente, detectaram o sangramento e precisei ser operado em caráter emergencial. Na cirurgia, fui submetido a uma colostomia, que salvou minha vida. Mas o pior foi a intubação. Pior sensação da minha vida.

Você terá que passar por uma nova cirurgia para reconstrução intestinal? 
Sim, farei a cirurgia, mas ainda sem data prevista.

Como se sentiu ao tomar a vacina, ainda mais depois de ter passado por tudo o que passou?
Um grande alívio. Sei que é apenas o começo, mas um passo importante para este momento difícil em que estamos vivendo. Uma luz no fim do túnel. Mas, ao mesmo tempo, sinto uma profunda tristeza por aqueles que não tiveram a chance de se vacinar e perderam suas vidas antes que o imunizante chegasse.

Como ficou sua relação com sua mulher e seus filhos depois desse episódio?
De mais união. É fácil amar uma pessoa quando a va está de vento em popa, né? Difícil é continuar amando quando o chão abre. Luhanna sempre foi uma companheira e tanto, mas tem se superado. É uma mulher incrível, que passei a amar ainda mais. Aguentou uma barra pesada! Enquanto eu estava no hospital, segurou uma onda danada. E quanto aos meus filhos, o amor ficou ainda maior, se é que isso é possível (risos).