Em conversa com Fátima Bernardes e Thelma Guedes no Rock in Rio Humanorama, ator fala sobre importância de tema da adição a drogas em 'Onde Está Meu Coração', série do Globoplay, provoca transformações na sociedade
Fabio Assunção conversou com apresentadora Fátima Bernardes e com a autora de novelas Thelma Guedes em um dos encontros do Rock in Rio Humanorama, festival oline e gratuito que oferece uma programação completa com mais de 80 horas de conteúdo como workshops, conversas, debates e reflexões que prometem simplificar temas complexos da sociedade.
Com o tema Histórias que Inspiram, os três debateram sobre como histórias têm o poder de transformar quem faz parte delas e fazer a socidade repensar suas ideias – o ator usou como exemplo principal a minissérie Onde Está Meu Coração, do Globoplay, na qual vivia Davi, pai de médica Amanda (Letícia Colin), uma médica viciada em crack.
“Nenhuma doença é motivo de chacota, nenhuma dor é motivo de chacota, seja qual for. Essa é nossa evolução, a gente fazer uma série dessas para provocar uma transformação na forma da sociedade enxergar as coisas”, afirmou Fabio. “A arte é uma coisa gigante e em qualquer história não tem como a gente não estar espelhando a sociedade, provocando-a a questionar suas crenças e maneira de ver a vida. Onde Está Meu Coração foi muito potente para mim, porque antes de tudo foi um trabalho de ator e em todo trabalho de ator acabo usando as coisas que vivi na minha vida”, explicou ele, que já falou sobre seu processo de drogadição em entrevistas.
O ator contou que a experiência de viver um pai de uma dependente química foi desafiador. “Eu tive que desconstruir qualquer conhecimento e experiência que eu tivesse do assunto até porque esse pai está desorientado e desinformado, não sabe o que fazer nessa situação. Tive que me furtar das minhas vivências até porque em casa eu trabalho a paternidade buscando um papo reto direto, a verdade, e sempre falar muito honestamente as coisas que acho e penso, o que vivi”, explicou ele, que é pai de João, de 18 anos, com Priscila Borgonovi, Ella Felipa, de 11, com Karina Tavares, e Alana Ayo, de 5 meses, com Ana Verena Pinheiro.
Fabio lembrou que na série Davi esconde da família que também teve problemas com álcool no passado. “Isso de não se abordar os assuntos em casa torna a série mais que um entretenimento, é um serviço: como podemos abordar isso com nosso filhos?”, apontou. “Só me trouxe a convicção de que o caminho que sigo com meus filhos é muito assertivo.
Graças a Deus, nunca passei em casa nada parecido com meus filhos”, disse ele.
O ator, que contou ter levado Letícia a reuniões do AA e que eles participaram de grupos de partilha com ex-usuários, lembrou o tratamento muito delicado em relação ao assunto. “A gente reconhecia a importância de trazer isso para ser discutido pelas famílias brasileiras e conseguimos. Tem uma visão preconceituosa que quando é no meio de uma família é uso recreativo ou a pessoa está exagerando, mas, se é alguém que vive à margem, numa situação de excusão social, aquele cara é viciado, drogado”, disse ele.
“A gente tinha a obrigação de mudar esse ponto de vista. A personagem é uma médica, estruturada, e nós dentro dos nossos preconceitos não acreditamos que isso acontece em uma família estruturada. Trazer isso para esse cenário é de extrema importância. Então a série tem um lado de entretenimento, mas também outro de ampliar a consciência sobre o assunto”, garantiu.
“Nenhuma doença é motivo de chacota, nenhuma dor é motivo de chacota, seja qual for. Essa é nossa evolução, a gente fazer uma série dessas para provocar uma transformação na forma da sociedade enxergar as coisas”, pontuou.