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Jovem disse à mãe pouco antes de morrer que amigos suspeitos do crime iam pagar lanche e buscá-la de carro em casa

A jovem Ariane de Oliveira, de 18 anos, encontrada morta em uma mata de Goiânia, mandou uma mensagem para a mãe dizendo que sairia com amigos, os quais a buscariam de carro em casa e pagariam um lanche. Logo depois, ela foi assassinada. Três amigos foram presos e uma menor apreendida suspeitas do assassinato.

“As meninas me chamaram para comer lá no Jaó. Vão pagar a ‘broca’ hoje, e eu estou indo. Elas vão me buscar de carro hoje, mãe. Aí eu vou, né? Vai pagar a comida, me buscar de carro e me deixar em casa, sou besta?”, disse em um áudio enviado às 20h05.

 

A mensagem de voz foi enviada à mãe, a cabeleireira Eliane Laureano, logo após Ariane avisar, às 19h49 do dia 24 de agosto, que sairia de casa, mas voltaria no mesmo dia. Ela ainda pediu que a mãe deixasse a porta da sala aberta quando fosse dormir, pois levaria apenas a chave do portão.

Às 23h15, Eliane mandou mensagem perguntando que horas a filha chegaria. Porém, nunca obteve retorno. Ariane foi morta na mesma noite. O corpo dela só foi encontrado no dia 31 do mesmo mês. Segundo a polícia, o crime ocorreu porque uma das amigas queria saber se era psicopata.

“Eles foram maus, muito maus”, lamenta a mãe.

 

Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos, em Goiânia, Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Eliana Laureano

Eliane detalhou que, no dia do crime, a filha já estava de pijama em casa quando os amigos a chamaram para sair. A cabeleireira disse que conhecia os suspeitos, pois eram amigos de sua filha

“A Ariane saía muito e sempre me mandava vídeos com quem ela estava, inclusive, vídeos com eles. No dia, ela estava pronta para dormir e eles a tiraram de casa. A chamaram para morte”, lembrou.

 

São suspeitos de matar Ariane: Jeferson Cavalcante Rodrigues, de 22 anos, Raíssa Nunes Borges, de 19, Enzo Jacomini Carneiro Matos, de 18, que usa o nome de Freya, e uma adolescente de 16 anos que não teve o nome divulgado.

G1 não conseguiu descobrir quem representa a defesa dos suspeitos para pedir uma posição sobre o caso até a última atualização desta reportagem.

Os quatro amigos saíram juntos para lanchar logo após o crime, conforme informou a polícia. De acordo com o delegado Marcos Gomes, que investiga o caso, os suspeitos foram a uma lanchonete ao lado de um shopping.

Enzo Jacomini, Jeferson Rodrigues e Raíssa Borges foram presos suspeitos de matar amiga em ritual em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Pedido de perdão

 

A mãe de Ariane revelou que a adolescente suspeita de participar do crime enviou uma mensagem a ela, na noite de quarta-feira (15), pedindo perdão. No texto, enviado por meio de uma rede social um dia antes de ser apreendida, a menina de 16 anos escreveu ainda que estava no local quando o crime aconteceu e que poderia ter evitado.

“Eu sei que você quer tudo menos uma mensagem de alguém que estava lá no dia em que aconteceu, mas eu sinceramente não aguento mais a culpa me corroendo. O fato de que eu poderia ter impedido. Eu queria te pedir perdão por não ter conseguido impedir, por tudo que aconteceu e por ter sido fraca”, escreveu em trecho da mensagem.

 

Mãe de jovem achada morta diz que adolescente suspeita do crime enviou mensagem pedindo ‘perdão’ antes de ser apreendida, em Goiânia — Foto: Arquivo pessoal

Como foi o crime

 

O delegado responsável pelo caso explicou como o trio se organizou para cometer o crime dentro de um carro:

  • Eles fizeram uma lista com três possíveis vítimas e escolheram Ariane por ela ser pequena, portanto mais fácil de segurar, caso resistisse;
  • Os amigos chamaram a vítima para lanchar e a buscaram em casa – Ariane havia dito à mãe que voltaria mais tarde;
  • Jeferson ficou responsável por levar o carro, forrar o porta-malas com sacos de lixo (para levar o corpo até o local onde ele seria deixado) e providenciar as facas;
  • Eles colocaram uma música sobre homicídio para tocar durante o passeio e, em um dado momento, o motorista estalou os dedos, o que a Polícia Civil descobriu que era a indicação para Ariane ser morta;
  • “O Jeferson era o motorista, Enzo estava no banco do passageiro e a Raíssa estava no banco de trás com a vítima. Primeiro o Enzo enforcou a vítima, depois a Raíssa deu as facadas”, descreveu o delegado.