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Maior reservatório de SP chega a nível crítico e interrompe navegação numa das principais hidrovias do país

A usina hidrelétrica de Ilha Solteira continua a gerar energia, mas o volume do rio não permite passagem de embarcações na hidrovia Tietê-Paraná.

O nível crítico de água no reservatório de Ilha Solteira, em São Paulo, suspendeu a navegação em uma das principais rotas de escoamento agrícola do país.

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Maior reservatório de SP chega a nível crítico e interrompe navegação numa das principais hidrovias do país

O olhar desolado é de quem acompanha dia a dia o recuo da água. Seu Jovelino tem um quiosque na prainha Catarina, banhada pelo reservatório da usina hidrelétrica de Ilha Solteira, a maior do estado de São Paulo.

“Dá muita tristeza, porque isso aqui para nós é uma riqueza. Aí você chega e a água está baixa. Só Deus mesmo agora. Esperar mandar chuva para repor toda essa água para nós”, diz o comerciante Jovelino Antonio dos Santos.

O reservatório de Ilha Solteira registrou 0% de volume útil. Apesar disso, a usina continua gerando energia. Ainda existe uma margem antes que a usina comece a operar no chamado volume morto. É como se um carro começasse a andar com o combustível na reserva.

“A queda que ocorreu no nosso reservatório em Ilha Solteira ocorreu em todos os reservatórios aqui do Sudeste. Devido a o quê? Devido à falta de água e também ao raciocínio que houve de não haver um controle antecipado, um planejamento antecipado com relação a isso”, explica Jefferson Nascimento de Oliveira, coordenador-geral do ProfÁgua/Unesp.

O nível da água afetou diretamente a navegação. A hidrovia Tietê-Paraná, uma das rotas de escoamento de produção mais importantes do país, teve que parar. Por dia, 24 barcaças passavam pelo trecho paulista. Para fazer o trabalho de cada embarcação, são necessários 200 caminhões nas estradas.

A hidrovia tem 2,4 mil quilômetros de extensão. Essa não é a primeira vez que a navegação é interrompida. Em 2014, o nível do rio caiu muito e a hidrovia ficou interditada por quase dois anos. Na época, a paralisação causou um prejuízo de quase R$ 1 bilhão.

O aumento do custo no transporte da produção pode influenciar também nos preços para o consumidor.

“Nós estávamos preparados este ano para chegar a 3 milhões de toneladas. Essas toneladas todas deixarão de ser transportadas pela hidrovia e serão transportadas via rodoviária, portanto vai aumentar o frete. Isso deve acarretar um custo adicional bastante grande, principalmente para o agronegócio”, diz o secretário estadual de Logística e Transportes de São Paulo, João Octaviano Machado Neto.