Política

CPI da Pandemia ouve advogada de médicos da Prevent e Luciano Hang

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia ouve na próxima semana a advogada Bruna Morato, representante dos médicos que elaboraram um dossiê contra a Prevent Senior, na terça-feira (28), e o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, na quarta-feira (29).

Médicos que trabalham ou trabalhavam na Prevent Senior reuniram uma série de irregularidades, como a realização de testes com cloroquina no tratamento da Covid-19 e a ocultação de informações dos pacientes, e encaminharam ao senador Humberto Costa (PT-PE), que realizou o requerimento de convocação de Morato.

Entre as denúncias, está a pressão exercida pela operadora de saúde para que fosse prescrito indiscriminadamente o “kit Covid”, composto por cloroquina, azitromicina e ivermectina, sem eficácia comprovada contra a doença. A empresa ainda teria assediado pacientes para aceitarem o tratamento precoce.

A estratégia foi adotada, segundo o dossiê, para o governo federal influenciar a população a consumir os medicamentos. Os documentos ainda dizem que a empresa Vitamedic lucrava com a venda dos fármacos, e a Prevent Senior com novas adesões ao plano de saúde.

Morato informou, em áudio enviado à CPI na quarta-feira (22), que a operadora havia demitido quatro médicos, entre eles um dos clientes da advogada, que contribuiu com a elaboração de dossiê.

Já Luciano Hang é acusado de fazer parte do “gabinete paralelo”, grupo que assessorava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas questões relacionadas à pandemia.

O nome do dono das lojas Havan foi citado durante o depoimento de Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent Senior. A mãe do empresário, Regina Hang, de 82 anos, ficou internada em uma das unidades do hospital Sancta Maggiore, que pertence à operadora de saúde.

Em um vídeo apresentado na CPI, Hang diz que se arrepende de não ter levado sua mãe para fazer o chamado “tratamento precoce”. Entretanto, o dossiê aponta que o prontuário de Regina Hang mostra que ela utilizou o “kit Covid” e repetiu o tratamento sem eficácia enquanto estava internada. Após sua morte por complicações da doença, teve sua declaração de óbito fraudada.

Pedro Júnior admitiu durante seu depoimento que a Prevent Senior orientou médicos a alterarem o CID — o código utilizado mundialmente para identificar e diferenciar as doenças — de pacientes com Covid-19 após um período de internação, o que teria resultado em um número subdimensionado de mortes em razão da doença na rede da empresa.

Hang informou em nota à imprensa que recebe com “tranquilidade” a convocação para depoimento à CPI. Ainda afirmou que “será um prazer estar presente e falar de todo o trabalho que nós fizemos, visando ajudar no enfrentamento da pandemia”.

“Estou totalmente à disposição para esclarecer qualquer questionamento”, concluiu o empresário.

Na terça-feira serão votados requerimentos para a quebra de sigilos e a convocação de Kassyo Santos Ramos. Segundo relatórios de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), ele teria recebido dinheiro de Danilo Trento, suposto diretor da Precisa Medicamentos.