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PM imobiliza com joelhos adolescente de 15 anos; garota denuncia agressões e ameaças

Imagens mostram também pessoas gritando que a garota tem menos de 18 anos. Jovem prestou queixa em delegacia. Corregedoria da SDS abriu procedimento para investigar caso.

Policial militar imobilizando garota de 15 anos durante abordagem no Recife — Foto: Reprodução/WhatsApp

Uma adolescente de 15 anos denunciou à Polícia Civil que foi agredida e ameaçada por policiais militares durante uma abordagem, na sexta-feira (1º), no bairro da Mangueira, na Zona Oeste do Recife. Imagens enviadas para o WhatsApp da TV Globo mostram o momento em que a jovem é imobilizada por um dos PMs e pessoas gritam ao redor.

O nome da jovem e dos parentes não vai ser divulgado em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, já que a vítima é menor de 18 anos. A garota deve voltar à delegacia nesta segunda-feira (4).

No vídeo, é possível ver um dos policiais em cima da adolescente, que está no chão. Ele usa os joelhos para mantê-la imobilizada. “Ela é de menor”, grita uma mulher, pedindo que as pessoas que estão ao redor filmem o que está acontecendo.

Segundo a jovem, as agressões e ameaças foram praticadas por dois dos policiais, que seriam integrantes do Regimento de Polícia Montada Dias Cardoso (RPMon). De acordo com o boletim de ocorrência ao qual o g1 teve acesso, eles estavam na viatura número 410042, de placa QYI 9632. Os nomes não foram divulgados.

A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social disse que instaurou uma investigação preliminar para “apurar possível infração disciplinar cometida por servidores da segurança pública” e, caso haja elementos suficientes, pode ser instaurado um procedimento administrativo disciplinar.

De acordo com a adolescente, tudo teria começado quando ela perguntou aos policiais o que eles encontraram com o irmão, que tem 21 anos e foi detido na abordagem. O vídeo não mostra o começo da confusão.

“Ele deu uma rasteira, mas eu não cai. Na segunda, eu cai e vieram dois policiais para cima de mim. Começaram a bater, colocaram algema e ficaram ‘dando em mim'”, disse a garota, afirmando que foi colocada na mala da viatura com o irmão e levada para um lugar ermo, onde foi ameaçada de morte, antes de ser liberada.

A adolescente contou que está com marcas das agressões pelo corpo e que registrou queixa contra os policiais na Delegacia da Mulher, no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife. A jovem relatou que realizou um exame traumatológico para constatar as lesões no Instituto de Medicina Legal (IML), no mesmo bairro.

“Ele ficou ‘pisando’ no meu pescoço, como querendo me enforcar. Ficou dando murro em mim, nos meus braços, dando tapa na minha cara. […] Disse que não trabalhava só de farda, que trabalhava sem farda também. Eu estou com medo, não estou conseguindo dormir direito”, disse.

Durante a confusão, a tia da jovem, uma dona de casa de 58 anos, disse que foi empurrada. A mulher comparou o que aconteceu com a sobrinha ao assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos. O episódio causou uma onda de indignação depois da divulgação de um vídeo que mostra um policial branco ajoelhado no pescoço dele.

“O que ele fez com a menina foi a mesma coisa que o policial dos Estados unidos fez com George Floyd. Porque ela é negra e a gente é pobre. E o policial branco. Ninguém vai ver uma coisa dessas em Boa viagem. Eu disse tudo isso na delegacia”, afirmou a tia.

Em nota, nesta segunda-feira (4), a Polícia Militar alegou que a equipe apurava uma denúncia de que homens armados estavam praticando tráfico de drogas no bairro da Mangueira. Segundo a PM, um dos suspeitos tentou resistir à abordagem e entrou em luta corporal com os policiais, que foram atendidos depois com ferimentos.

Com o homem, segundo a PM, foi encontrada uma munição calibre 38. Ele foi levado para a Central de Plantões da Capital para serem tomadas as medidas legais cabíveis, informou a corporação. Apesar de, no domingo (3), ter dito que recebeu a denúncia sobre o caso da garota e estava apurando os detalhes da ocorrência, a corporação não citou a adolescente na nota desta segunda.

O g1 também procurou a Polícia Civil, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.