A Geladeira Literária, projeto de incentivo à leitura por meio da disponibilidade gratuita de livros organizados em uma geladeira adaptada, é uma iniciativa da CBTU – Companhia Brasileira de Trens Urbanos de Maceió e completará três anos em dezembro de 2021, contabilizando mais de 2 mil livros.
Desde quando foi lançado, em dezembro de 2018, o projeto da Geladeira Literária está ativo na Estação Central em Maceió, e na Estação Satuba, recebe a doação de diversos gêneros literários e ganhou muitos doadores e colaboradores anônimos. Há usuários que passam regularmente pela estação e deixam alguns exemplares. Já outros aproveitam a oportunidade e pegam publicações que interessam e levam para a leitura.
Esse vai e vem é feito por adultos e crianças também, ocorre de forma natural e conta com a adesão tanto da população que circula pelas estações da CBTU, como também pelos próprios funcionários que aproveitam a oportunidade gratuita de acesso à leitura como também de fazer doação daqueles livros que já não serão mais aproveitados.
Admiradores da Geladeira
Um segurança ferroviário, que prefere não se identificar, trabalha bem próximo à Geladeira Literária na Estação Central. De tanto observar a movimentação de pessoas olhando os livros enquanto esperam o trem, resolveu dar um destino útil a uma coleção de publicações de aprendizagem da língua inglesa. “Ao saber que podia doar os livros de inglês que estavam em casa, fiquei feliz em saber que estão servindo para alguém em algum lugar”, disse.
Talita Honório, formada em Relações Internacionais e estudante de Economia na Ufal – Universidade Federal de Alagoas, é uma usuária frequente das estações de trens. Fez da relação afetiva que guarda na memória, pela lembrança do pai indo de trem para Jaraguá, quando era pequena, uma ação frequente que resultou na doação de livros para a Geladeira Literária desde 2019. A cada dois meses, lá está Talita chegando na Estação Central com a sua sacola reciclável recheada de livros.
Com o seu amor pelos livros e a vontade de disseminar o conhecimento, Talita não só doa os livros que compra como também está sempre fazendo campanha para que colegas e amigos façam o mesmo. A leitura permite o pensar, a diversidade de ideias, a possibilidade de mudar a própria vida. “Eu ando até Rio Novo de trem, percebo as senhorinhas carregando livros da Geladeira Literária e nele vão a esperança de dias melhores, de sabedoria, de cultura”, afirma.
Iniciativa
A técnica de gestão, Ariana Buarque, há 18 anos na CBTU, foi quem teve a iniciativa de sugerir a Geladeira Literária, após assistir a uma matéria que mostrava o sucesso do projeto em outro estado. “Achei a ideia fantástica. Propus na CBTU e já aproveitamos um eletrodoméstico que estava inservível no depósito e começamos o projeto em 2018. Logo expandimos também para Satuba porque a adesão foi muito grande. Hoje, aproveitei também a ideia e lançamos no condomínio onde moro”.
Ariana ressalta que o ideal é que as pessoas possam pegar o livro que gostar, levar para ler e devolver depois para que outros também tenham a oportunidade. “São livros bons, em sua maioria, conservados e atuais, então se cada um cuidar, muito mais pessoas terão acesso a algo que na maior parte das vezes não tem condições de comprar. Livro é caro! Com solidariedade e cuidado, iremos atingir muito mais pessoas”, defende a técnica de Gestão.
Cadastro ajuda na organização e triagem
A arquivista Mônica Guimarães, responsável pela gestão de documentos da CBTU, é quem faz o cadastro e controle dos livros doados antes deles serem disponibilizados para a leitura. “Recebemos todo tipo de doação e fazemos a triagem para priorizar os conteúdos mais atrativos para o projeto, assim como é importante contabilizar o que recebemos para avaliar se a iniciativa está dando certo e como podemos melhorar”.
Ampliação
Para o superintendente de Trens Urbanos, Carlos Jorge, o acesso aos livros é muito restrito para a nossa população. “Percebemos que nossos usuários aprovaram a iniciativa porque os livros são muito procurados, o que nos motiva a seguir em frente e ampliar a Geladeira Literária para outras estações”. Aproveitando a comemoração do Dia da Leitura, em 12 de outubro, a CBTU vai inaugurar o projeto nas estações de Fernão Velho e Rio Largo. “A CBTU atua como o caminho que possibilita o encontro do livro e do leitor. É muito gratificante poder oferecer essa possibilidade que só traz enriquecimento pessoal e acesso à educação”, explicou.
O que doar e como doar
Qualquer pessoa ou empresa pode doar livros e revistas em quadrinhos para a Geladeira Literária. Basta agendar a entrega com a Assessoria de Comunicação na CBTU. O material precisa estar em boas condições, preferencialmente romances, suspenses, bibliográficos, de concurso.