Política

Ciro Gomes diz que Lula “conspirou” pelo impeachment de Dilma

O pedetista cita, como prova, recentes conversas de Lula com o MDB e acusou o ex-presidente de impulsionar Jair Bolsonaro

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes (CE), disse que Luiz Inácio Lula da Silva “conspirou” pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. O pedetista apontou, como prova dessa ação de Lula, as recentes conversas do petista com líderes do MDB, principal partido beneficiado com a cassação da ex-mandatária.

Em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, Ciro enfocou os contatos atuais de Lula com o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e com o ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), que à época apoiaram e votaram a favor do impeachment.

O pedetista ainda apontou Lula como responsável por impulsionar Jair Bolsonaro (sem partido) na corrida presidencial de 2018. Segundo ele, Dilma “destruiu a economia brasileira” como “ninguém no passado histórico brasileiro”.

“Jamais acreditei que Bolsonaro teria qualquer chance, a mais remota possível, e eu mordi a língua porque eu conhecia de perto o Bolsonaro. Eu não sabia que ele utilizaria de estrangeirismos aos montes, com orientação dessa gente do Trump que desceu aqui, e faria esse processo de internet, que nós também não conhecíamos no Brasil”, disse o pedetista.

Ele revelou ainda estar com relação definitivamente rompida com o que chamou de “lulopetismo”.

“[Minha relação é] absolutamente inconciliável com o PT. Com o lulopetismo corrompido e neoliberal tosco, a minha relação está definitivamente encerrada”, afirmou Ciro.

“Picaretas perigosíssimos”

Na visão de Ciro, Bolsonaro está disposto a romper com a democracia para continuar no poder e classificou os ministros Luiz Eduardo Ramos, Braga Neto e Augusto Heleno como “picaretas perigosíssimos”. “São eles que dão corda no Bolsonaro”, considerou.

“Bolsonaro não estará nas eleições por não reunir a menor condição objetiva de se apresentar para o povo. É um governo trágico que não tem absolutamente nada para mostrar. E o lastro para uma equivocada ideia de que vai subornar a consciência de um povo machucado, melhorando o Bolsa Família”, disse Ciro.

Trégua frágil

Há uma semana, após ser vaiado por militantes petistas em manifestações em São Paulo e Rio de Janeiro, Ciro chegou a propor um “trégua de Natal” ao PT.

A bandeira branca, no entanto, durou uma semana. Em vídeo divulgado pelas redes sociais, na última segunda-feira (11/10), Ciro retomou o comportamento de ataques, dizendo que Lula, sem principal alvo, “não renovou as ideias”, “nunca pediu perdão” pelos erros cometidos.

No vídeo, Ciro cita o mesmo encontro de Lula com os emedebista e critica o ex-presidente por buscar apoio entre “as mesmas pessoas incluindo, aqueles que derrubaram Dilma”.

“Se você pensa em apoiar Lula por causa do que ele fez no passado, talvez fosse o caso de refletir mais profundamente. Você acha que ele terá condições de governar bem nos dias de hoje? Lembre que o Brasil mudou muito, e Lula não renovou as ideias? Será que ele se corrigiu e não vai repetir aqueles erros terríveis que você só descobriu depois? O pior é que você nunca viu ele pedir perdão pelos erros e está vendo ele se juntar, de novo, às mesmas pessoas”, disse Ciro.

O jantar foi oferecido a Lula pelo ex-senador Eunício de Oliveira (MDB), na semana que o petista realizou uma série de encontros políticos em Brasília. Eunício é adversário político de Ciro no Ceará e que deve tentar se eleger ao governo do estado em 2022.