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Menina de 8 anos é esmagada por placa de concreto de muro do metrô do Recife

Menina participava de festa promovida por ONG para celebrar o Dia das Crianças. Kemilly Kethelyn está intubada, internada em estado grave no Hospital da Restauração.

Uma placa de concreto que compõe o muro do metrô caiu e esmagou uma criança de 8 anos na comunidade do Papelão, no bairro do Coque, na região central do Recife. O acidente ocorreu quando a menina participava de uma festa promovida por uma ONG, em comemoração ao Dia das Crianças (veja vídeo acima).

A garota, que está intubada, foi internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do Hospital da Restauração, no bairro do Derby. De acordo com testemunhas, Kemilly Kethelyn Lino da Silva foi atingida pelo muro por volta das 13h do sábado (16).

A festa, realizada na Avenida Central e a menina estava em pé, na calçada, quando a estrutura desabou. Por pouco, outras crianças também não foram atingidas.

De acordo com a dona de casa Caroline Pereira da Silva, mãe de Kemilly, a garota passou por uma cirurgia na madrugada deste domingo (17).

“Ela saiu da cirurgia e está na sala de recuperação. A operação foi na bacia dela, que teve uma fratura. Ela estava tão feliz. Eu não fui, porque estava ajeitando as coisas em casa. Ela tomou banho, se arrumou toda e eu amarrei o cabelo dela. Estavam tias, pessoas da família. A festa foi bem perto de casa. Eu quero minha filha de volta”, disse a mãe de Kemilly.

O enfermeiro Jonata Bruno, que faz parte da ONG que promoveu a festa, estava no local e ajudou no socorro de Kemilly. Segundo ele, o muro estava bastante danificado e, em alguns trechos, já tinha desabado.

Ele disse, também, que na região não há espaço de lazer para as crianças, e que, por isso, a extensão do muro do metrô é o único lugar em que os pequenos podem brincar. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) é a responsável pela estrutura.

“A barra de concreto ficou totalmente por cima dela. Ela teve múltiplas fraturas, no crânio, na coluna, nos pés e na bacia, onde fizeram uma cirurgia para colocar um fixador. A gente tirou a placa de cima dela e eu vi que ela estava sangrando muito. Decidimos nós mesmos levar para o hospital, porque o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] iria demorar muito”, declarou Jonata.

Kemilly foi levada para o Instituto de Medicina Integral Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, unidade de saúde mais próxima do bairro do Coque. Lá, foram feitos os primeiros socorros e a menina foi transferida para o Hospital da Restauração. De acordo com a unidade, ela sofreu politraumatismo.

O g1 entrou em contato com a CBTU para saber como é feita a manutenção do muro que acompanha toda a extensão dos trilhos do metrô, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Na manhã deste domingo, a Globo foi até o local e presenciou uma vistoria feita por funcionários da CBTU e de uma empresa terceirizada. Uma placa de madeira foi colocada no lugar onde estava a estrutura que esmagou a garota.

Metrô cheio de problemas

O metrô do Recife acumula uma série de problemas de infraestrutura e de operação. O sistema, que tem 27 estações de trens elétricos e sete a diesel, recebe aproximadamente 400 mil pessoas por dia. Em 2020, houve ao menos 102 paralisações devido a problemas técnicos, de acordo com dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) .

O número equivale a um registro do tipo por dia por três meses e meio. Em relação aos registros de problemas, foram 4.941 falhas ao longo do ano anterior. O mesmo relatório apontou que em 2021, até o mês de abril, foram mais 30 paralisações (veja vídeo acima).

Soma-se aos problemas de infraestrutura a sensação de insegurança dentro dos trens. No dia 21 de setembro, um rapaz de 22 anos foi morto a facadas dentro de um vagão em movimento.

Apenas entre 2019 e 2020, o valor das passagens do metrô aumentou 150%. Em maio de 2019, a tarifa custava R$ 1,60 e, atualmente, custa R$ 4,25.