Investigadores também cumpriram um mandado de busca e apreensão. Foi a quarta fase da operação Quinta Coluna, que apura atuação de associação criminosa formada para remeter drogas para a Europa a partir de aeronaves militares.
A Polícia Federal prendeu, nesta segunda-feira (18), em Brasília, um suspeito de ameaçar testemunhas da investigação que apura tráfico internacional de drogas em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Os agentes também cumpriram um mandado de busca e apreensão.
Esta foi a quarta fase da operação Quinta Coluna, que apura a atuação de uma associação criminosa formada para remeter drogas para a Europa a partir de aeronaves militares. As investigações tiveram início após a prisão de um sargento brasileiro na Espanha, com 37 quilos de cocaína.
Segundo a PF, o preso nesta segunda também é apontado como um dos líderes e financiador do esquema criminoso. A TV Globo apurou que o suspeito foi preso em casa, no Lago Sul, área nobre de Brasília e é civil. Até a última atualização deste texto, a identidade dele não tinha sido divulgada.
A Polícia Federal afirma que o homem pode responder por tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, com penas que podem chegar a 30 anos de prisão.
Esta é a segunda operação contra membros da suposta organização criminosa em um mês. No fim de setembro, a PF cumpriu três mandados de busca e apreensão, também no DF, contra suspeitos da quadrilha.
Na ocasião, um dos alvos da operação foi preso em flagrante por posse de drogas. Na casa dele, os agentes encontraram, além dos entorpecentes, uma balança de precisão e R$ 80 mil. O homem, que não é militar, foi levado para a superintendência da Polícia Federal em Brasília
Fases anteriores
O suposto esquema de envio de entorpecentes por meio de aviões militares veio à tona após a prisão do sargento brasileiro Manoel Silva Rodrigues, em junho de 2019, em Sevilha, na Espanha. Ele transportava a droga em voo da comitiva presidencial. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), não estava na aeronave.
Em fevereiro deste ano, a PF deflagrou a primeira fase da operação Quinta Coluna. Além do uso de aeronaves militares para o tráfico, os investigadores apuram um esquema de lavagem de dinheiro. À época, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão.
Um mês depois, a Justiça determinou a prisão de outros três militares e da esposa de Manoel Silva Rodrigues, por participação nos crimes.
Segundo a Polícia Federal, os investigados se associaram ao sargento preso na Espanha, “de forma estável e permanente, para a prática do crime de tráfico ilícito de drogas”.
Em relação à lavagem de dinheiro, as investigações apontam “diversas estratégias do grupo criminoso” para ocultar os bens obtidos por meio do tráfico de drogas, “especialmente a aquisição de veículos e imóveis com pagamentos de altos valores em espécie”, disse a PF.
Condenação na Espanha
Em fevereiro do ano passado, o sargento Manoel Silva Rodrigues foi condenado pela Justiça espanhola a seis anos e um dia de prisão, além do pagamento de multa de 2 milhões de euros.
Ele fez um acordo com a promotoria da Espanha e, às autoridades, contou que “se aproveitou da condição de militar” para cometer o crime.
O sargento disse ainda que deixaria a droga em um centro comercial de Sevilha. Rodrigues afirmou que foi a primeira vez que transportou drogas, mas admitiu que costumava revender no Brasil produtos comprados durante as viagens a trabalho, segundo ele, para complementar o baixo salário.
Os promotores espanhóis queriam uma pena maior para o sargento, de oito anos, mas concordaram em reduzir esse tempo porque Manoel Silva Rodrigues confessou o crime. Durante a audiência, ele falou pouco. O militar da FAB lamentou a situação e pediu desculpas ao povo espanhol.
Em setembro do ano passado, a Justiça da Espanha negou um pedido de transferência do militar. Com a decisão, ele precisa cumprir a pena integralmente no país europeu.