Países apoiam taxação de 15% sobre os lucros das grandes empresas e vacinação de 70% da população mundial até meados de 2022
Todos os líderes integrantes do G20 — incluindo o Brasil — apoiaram a criação de um imposto mínimo global durante o primeiro encontro da cúpula neste sábado (30), em Roma, na Itália.
O imposto mínimo global tem como objetivo dificultar que grandes empresas escondam lucros em paraísos fiscais, que oferecem menor tributação, e pode valer a partir de 2023. O acordo deve ser finalizado e anunciado neste domingo (31).
As discussões sobre a criação do imposto de 15% sobre os lucros das grandes companhias começaram há quatro anos, e ganharam força após a eleição do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Mais cedo pelo Twitter, Biden disse que o acordo é “mais do que apenas um acordo tributário”, mas é a “diplomacia remodelando nossa economia global e ajudando nosso povo”.
O acordo para a criação do imposto englobará 90% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, incluindo todos os países da OCDE e do G20.
A taxa de 15% será válida para empresas que tenham receita acima de 750 milhões de euros (cerca de R$ 5 bilhões), e as estimativas apontam uma arrecadação de até US$ 150 bilhões (aproximadamente R$ 845 bilhões) por ano.
Saúde e economia na agenda
A Itália, anfitriã do encontro em Roma, pôs a saúde e a economia no topo da agenda do primeiro dia do encontro, enquanto as negociações mais delicadas, sobre as mudanças climáticas, ficaram para este domingo (31).
Na abertura da reunião, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, disse que os governos precisam trabalhar juntos para enfrentar os enormes desafios formidáveis que seus povos encaram.
“Da pandemia às mudanças climáticas passando pela tributação justa e equitativa, seguir sozinho simplesmente não é uma opção”, afirmou Draghi.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), também elegeu saúde e economia como pontos de destaque em seu discurso na cúpula do G20.
Bolsonaro destacou o avanço da vacinação no Brasil, a distribuição de auxílio emergencial e a retomada da economia.
“O Brasil se comprometeu com um programa extensivo e eficiente de vacinação, em paralelo a uma agenda de auxílio emergencial e preservação do emprego para a proteção dos mais vulneráveis”, afirmou Bolsonaro à plateia internacional.
O encontro do G20 voltou a ser presencial. Em 2020, no auge da pandemia, o encontro foi virtual.
Na tradicional foto dos chefes de Estado, o evento inovou. Médicos de jaleco branco e funcionários da Cruz Vermelha se juntaram aos líderes mundiais em um tributo aos sacrifícios e esforços dos médicos em todo o mundo durante a pandemia.
Mais vacinas para os mais pobres
Os países do G20 também concordaram neste sábado em fornecer mais vacinas contra a Covid-19 para os países mais pobres para atingir a meta de vacinar 70% da população mundial até meados de 2022.
O presidente Xi Jinping afirmou que a China exaltou o fornecimento de mais de 1,6 bilhão de doses de vacinas contra Covid-19 para mais de 100 países e organizações internacionais. E prometeu fornecer mais de 2 bilhões de doses em produção conjunta com 16 países.
Já o presidente russo, Vladimir Putin, pediu aos países do G20 que acelerem o reconhecimento de vacinas contra a Covid-19. Pediu ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) seja mais ágil para tomar decisões sobre a aprovação de vacinas.
A Rússia foi rápida no desenvolvimento e lançamento de sua vacina contra a Covid, a Sputnik V, mas a adesão e a aprovação desta vacina por demais países tem sido lenta.
Antes do início do encontro, manifestantes e ativistas do clima protestavam de forma pacífica para pedir aos líderes do G20 que tomem medidas contra a mudança climática, assunto que deve dominar o segundo e último dia do encontro neste domingo.
Há forte presença policial na área. As autoridades italianas aumentaram a segurança e escalaram reforço policial durante a cúpula como medida de prevenção.
Os integrantes do G20
O G20 foi criado em 1999, reunindo as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia. As cúpulas anuais acontecem desde 2008, com a presença de chefes de Estado ou de governo.
O grupo é composto por: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.
Essas nações somam cerca de 60% da população mundial, 80% do PIB global e são responsáveis por 75% do comércio em todo o mundo.