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‘Mulher-Gato’ foi proibida de entrar em comunidade após esposa de chefe do tráfico descobrir relacionamento, diz polícia

Luana Rabello, segundo a polícia, é uma travesti muito famosa e conhecida no Baile da Disney, no Complexo da Maré. Ela começou a ser monitorada pela polícia a partir dos comentários da mulher de um traficante.

Lu Rabello, presa pela polícia — Foto: Reprodução

A travesti Luana Rabello, conhecida como “Mulher-Gato”, foi proibida de entrar no Complexo da Maré, segundo informações da Polícia Civil.

Após diversos roubos, ela foi presa no dia 21 de outubro e contou aos agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) que a proibição de entrar na comunidade aconteceu depois que ela recebeu uma ameaça da mulher de um traficante da região.

Segundo Luana, a mulher descobriu que ela e o traficante tiveram um relacionamento. A travesti disse à polícia que é amante de chefes do tráfico da região.

Redes sociais

Com 30 mil seguidores no Twitter e mais de 20 mil no Instagram, Luana postou em sua conta no Twitter pela última vez no mesmo dia em que foi presa.

“Liberdade pra mim”, seguido de vários emojis de um rosto chorando.

Em outras postagens, a mulher-gato faz diversos comentários sobre sua vida pessoal.

“Quando tu for uma mulher ocupada, tu finalmente vai entender q ninguém… absolutamente ninguém, se importa com indiretas. até pq indireta não veste ninguém, não alimenta ninguém muito menos faz alguém crescer na vida!!”, disse em um dos posts, do dia 4 de outubro.

Baile da Disney

A prisão da travesti Luana Rabelo, conhecida como Mulher-Gato, pode ajudar a polícia a conseguir mais informações sobre traficantes do conjunto de favelas da Maré, na Zona Norte do Rio.

Segundo o delegado Marcus Vinícius Amin, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, a polícia estava monitorando Luana Rabelo para cumprir um mandado de prisão contra ela por roubo. Segundo ele, informações no celular dela podem ajudar no inquérito sobre o tráfico de drogas da Maré.

“A gente estava monitorando porque ela vive fora da favela e a fim de tentar apreender os celulares, alguma coisa que ela tenha para acrescentar na investigação”, disse o delegado.

Mulher-Gato, segundo a polícia, é muito famosa e conhecida no Baile da Disney, no Complexo da Maré, em uma das regiões dominadas por traficantes ligados ao Terceiro Comando.

Golpes

Recentemente, ela passou a ser monitorada pela polícia após comentários da mulher do traficante que descobriu a traição do marido com Luana.

Em março, o G1 publicou que um policial militar foi vítima de um golpe que teria sido praticado pela Mulher-Gato e uma outra amiga.

Segundo a PM, o agente circulava por uma rua da Taquara, na Zona Oeste, quando viu duas mulheres pedindo carona. O policial as deixou embarcar e, depois de 20 metros, a mulher que estava no banco traseiro colocou uma faca no pescoço dele enquanto a outra retirava a pistola calibre .40 que pertence à Polícia Militar do Rio, além de objetos pessoais.

O caso foi registrado na 32ª DP (Taquara). Na delegacia, o policial conseguiu reconhecer uma das envolvidas no roubo, uma travesti.

Outros registros sobre Luana:

Em 29 de maio de 2017 – um entregador foi até a rua Pinhará, em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, para entregar um aplique de cabelo humano;

Ao chegar ao endereço, que estava no nome de batismo de Luana Rabelo, o entregador foi abordado por um homem armado, que ordenou que entregasse a moto e seus pertences. O homem armado é, segundo o registro de ocorrência, irmão gêmeo de Luana. O caso foi registrado na 40ª DP (Honório Gurgel);

Em 2 de abril de 2018 – Luana e outra travesti foram levadas à 5ª DP (Centro) por agentes do Lapa Presente. Com ambas, foram apreendidos dois estiletes de 10 centímetros, utilizados para cometer assaltos, segundo as denúncias recebidas;

Em abril de 2019 – um homem marcou com um cliente para entregar um celular que havia sido deixado no conserto. O local marcado foi a Avenida Brasil;

Segundo o depoimento, Luana entrou no carro, perguntou onde estava o celular. Outra pessoa entrou no carro, e Luana disse ao motorista que deveria ir até a vila onde morava para pegar o dinheiro para pagar;

Quando saíam de carro, um outro veículo estacionou em frente ao veículo dele, e criminosos saíram e colocaram um saco preto na cabeça da vítima;

O homem contou que foi levado para uma comunidade, onde ficou em um quarto amarrado. Foram exigidas as senhas do declarante mediante tortura, assim como seus cartões. O homem só foi liberado às 3h do dia seguinte. O caso foi investigado pela 34ª DP (Bangu);

Entre 2020 e 2021 – vários registros de ocorrência foram feitos na delegacia da Ilha do Governador, na 38ª DP (Brás de Pina) e na 16ª DP (Barra da Tijuca). Luana se aproximava de alguma vítima, fazendo algum comentário engraçado ou elogioso, e se aproveitava da distração das vítimas para roubar o celular.