Perseguindo nosso projeto poético, Dança Monstro foca na relação entre ambiente e cultura expandido o olhar para a relação do homem com a natureza, buscando conectar o que de mais essencial há em nós enquanto seres da natureza, transitando entre o que é do humano, enquanto espécie e o que é da cultura. Do que é canônico e do que faz sentido, do que é negado e do que é legado, como sabedorias ancestrais circunscritas em nossas memórias dançantes que circulam em nosso grupo cultural. Uma espiral que é umbilical e universal, que vai do umbigo ao cosmo, verticalizando a comunicação entre o céu e a terra onde constituímos o elo dessa conexão. E horizontalizando o olhar para o infinito de possibilidades de conhecimento que o corpo pode abarcar quando temos a base fincada no chão que nos fez humano, território alagoano, brasileiro, nordestino, américo-latino.
Como uma espécie de política do chão, encontramos nas danças tradicionais brasileiras o lugar de identidades e de identificação. Articulamos uma atitude política no sentido de buscar a afirmação de linhas de fuga à “reverência colonial” (Greiner) que apega ainda tão fortemente à dança cênica brasileira aos modelos técnicos e estéticos europeus e norte-americanos. Consideramos as resultantes desses estudos, configuradas nessa trilogia, bastante representativas de um momento de maior grau de complexidade da nossa pesquisa, ao tempo em que apontam para a necessidade de continuidade, aprofundamento e expansão.
Como transformar tais ideias em dança? Esse é o caminho de descobertas! Nos pomos a dialogar com as danças tradicionais e populares (em especial o tambor de crioula, e o toré indígena) e os princípios do tai chi chuan investigando a gerência do peso do corpo nos deslocamentos circulares no espaço, na ação de girar e no embate/contato entre nossos corpos.
Investigamos a retroalimentação entre a sonoridade e o movimento dos performers em suas relações no espaço–tempo para a elaboração da trilha sonora, cuja imbricação entre som e movimento vai estruturando a dramaturgia do espetáculo.
Tomamos a nudez como ponto de partida para a instauração de uma natureza desnudada e essencial do ser humano da qual busca-se o estado inicial de empatia com o público. Desnudasse para existir sendo natureza, lançar-se nos redemoinhos de nossas memórias ancestrais para sermos devolvidos no aqui e agora de nossas experiências sociais num fluxo contínuo entre passado, presente e futuro que é sempre circular e interdependentes. Propor uma perspectiva circular da existência, em que pólos opostos se anulam na medida em que as descontinuidades se dissolvem e as oposições transformam-se em complementos. Os pés fincados no chão, a cabeça conectada com o céu e a pélvis modulando o fluxo entre controle e descontrole, expansão e recolhimento, individual e coletivo, não como categorias opostas, binarias mas como possibilidades de trânsitos, moções diluidoras de contenções. Girar centrifugamente, girar centripetamente numa espiral que pulsa a diluição das barreiras entre o dentro e o fora, o individual e o coletivo.
O monstro como o que foge da norma. A norma que não é mais a natureza do ser. O ser reconectado a natureza que passa a ser monstro, na medida em que se diferencia da norma ao retornar a natureza de SER humano CORPREENDIDO como parte integrante do todo e a ele conectado.
Essa reconexão perpassada por nossa história e memória. O tai chi, o tambor de crioula o toré indígena, os giros dos orixás, reconexões com nossa história e memória. Tradições que nos mostram a inseparabilidade entre dança, natureza e cultura. O quadril como centro do corpo, regulador de trânsitos de energias, marcador simbólico de cultura, gerador de vida, portal de entrada e saída.
Sinópse
Dança Monstro busca conexão com o que de mais essencial há em nós enquanto seres da natureza. O que é do humano, enquanto espécie e o que é da cultura. O que é canônico e do que faz sentido. O que é negado e o que é legado, como sabedorias ancestrais circunscritas em nossas memórias dançantes que circulam em nosso grupo cultural. Uma espiral que vai do umbigo ao cosmo, verticalizando a comunicação entre o céu e a terra onde constituímos o elo dessa conexão. Horizontalizando o olhar para o infinito de possibilidades de conhecimentos que o corpo pode abarcar quando temos a base fincada no chão que nos fez humano, território alagoano, brasileiro, nordestino, américo-latino.
Serviço
Local: Teatro Deodoro
Data: 13 e 14 de novembro
Horário: 19 horas
Gratuito
Ficha técnica:
Direção: Telma César
Coreografia: Cia dos Pés
Dançam: Joelma Ferreira, Magnun Ângelo, Regis Oliveira
Trilha sonora: Telma César
Tambores – Ari Colares
Edição – Léo Bulhões
Luz (concepção e execução): Moab de Oliveira
Arte: Ulysses Ribas
Videomaker: Glauber Xavier
Fotografia: Jul Sousa e Benita Rodrigues
Produção: Cia dos Pés
Apoio: Escola Técnica de Artes-UFAL, Sururu Circo