A 1ª Virada Cultural Preta – Grito dos Palmares, que acontece entre os dias 19 e 20, é promovida pela Orquestra de Tambores e ONG Patacuri – Cultura, Formação e Comunicação Afro Ameríndia, em parceria com a Diretoria de Teatros de Alagoas (Diteal), com a proposta de ser uma ação cultural para entrar no calendário da cidade de Maceió anualmente.
O evento tem como finalidade dar visibilidade às tradições e manifestações da Cultura Preta e a seus protagonistas fomentadores da cultura como forma de resistir ou de “reexistir” da população negra, exaltando suas contribuições para a estruturação memorial e imemorial do território alagoano, seus trânsitos, intercâmbios e interações que visem minimizar fronteiras socioculturais, físicas e psicológicas, além de, proporcionar horizontes sociais para além da tolerância em busca da superação de preconceito.
A Virada vai marcar também o Dia da Consciência Negra, oferecendo gratuitamente uma ação voltada para a promoção da cultura afro-alagoana através da sua produção literária, expressões artísticas, estilos musicais, danças, teatro, moda, beleza, culinária, visualidade, artes visuais, comunicação oral e rodas de diálogos sobre educação, cultura, comportamento e empreendedorismo.
Segundo o músico Wilson Santos, coordenador da Orquestra de Tambores de Alagoas, a ideia, primeiramente, é ocupar esse espaço, tanto do Teatro Deodoro, como da praça Deodoro, um lugar central. Era um sonho antigo do artista trazer os grupos de cultura de matriz africana, dialogando com grupos de hip-hop, reggae e de outras linguagens e vertentes, na perspectiva de dar visibilidade à cultura afro, feita, principalmente, nas periferias de Maceió.
“A ideia é juntar essas pessoas e agora nesse momento de “volta” do isolamento provocado pela pandemia, os artistas querendo se apresentar, o público querendo ver. Eu acredito que vai ser um momento mágico, no qual todos têm a ganhar, o artista com a possibilidade de estar se apresentando para mostrar seu trabalho, o militante com a possibilidade de levantar sua bandeira de maneira pacífica e consciente, na perspectiva de discutir as questões raciais e de gênero, e o público ganha com o brilho dos grupos, a musicalidade, dança afro, culinária, o que faz a ideia da virada cultural preta muito interessante”, conta Wilson Santos, músico e um dos organizadores do evento.
E para encerrar o dia 19, é a vez do projeto “Sururu Music – A Arte do Encontro, no palco do Deodoro, às 20h. Buscando promover encontros e parcerias entre artistas de diferentes gerações no estado de Alagoas, o Sururu Music é um evento que traz uma programação totalmente gratuita para toda a comunidade.
O evento nasce de um coletivo de música alagoana formado por artistas locais e idealizado pelo músico e produtor Fernando Nunes. Com ações presenciais e virtuais, o evento tem como objetivo contribuir na disseminação e fortalecimento da cadeia produtiva da música produzida em Alagoas.
No palco, haverá um encontro de alagoanos da música: Chau do Pife, Dêza, Fernanda Guimarães, Fernando Melo, Fernando Nunes, Junior Almeida, Lore B, Mar (Martha Brandão), Natan Oliveira, Negra Cinthia, Pedro Salvador, Vitor Pirralho, Wado e banda (Junior Bragazion, Anderson Almeida, Leo Costa e Toni Augusto). Haverá também a participação das crianças que fizeram a oficina de composição musical com Natan Oliveira, Renault Guimarães e Rogério Dyaz. O Show ainda conta com a participação do grupo percussivo Batuque Mundaú e da dançarina Juliana Lima.
Este festival é realizado com recursos oriundos da Lei Aldir Blanc, através do Edital Dinho Oliveira de Produção Cultural, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult/AL). O ingresso, gratuito e limitado, deve ser reservado pelo link (https://www.sympla.com.br/evento/sururu-music-a-arte-do-encontro/1410735) . O show será transmitido pelo canal do Coletivo no youtube.
“Estar no Teatro Deodoro, nesta data importante de 111 anos, um número cabalístico de nascimento do lugar que eu considero a maternidade da música alagoana, onde eu dei meus primeiros passos como músico e aprendi a respeitar a música e respeitar também o dom de ter uma arte de comunicar para as pessoas que estão ali assistindo qualquer que seja o espetáculo, isso é muito especial, explica o músico e idealizador do projeto, Fernando Nunes.
Para Fernando Nunes, que tem em sua trajetória trabalhos com nomes como Cassia Éller e Zeca Baleiro, o Sururu Music é como um renascimento, já que o projeto nasceu e se desenvolveu em São Paulo por questões de logística, e ter a oportunidade de fazer essa estreia é como renascer em Maceió.
“Estar no Teatro Deodoro, fazendo o primeiro show desse coletivo, é algo muito importante não só pela apresentação da noite, mas para um futuro da cultura do nosso estado, englobando tudo, das catadoras de sururu ao folclore de Pedro Teixeira do qual fiz parte. É uma benção na verdade estar em Maceió fazendo esse show do Sururu Music, nas festividades de aniversário do Teatro Deodoro, me sinto abençoado como filho da terra!”, conclui Fernando.
Exposição:
Além do show nas comemorações de 111 anos do Deodoro, está acontecendo a exposição de fotografia “Me Ajude a Olhar”, do projeto Sururu Music, no foyer do Teatro Deodoro, até 22/11, com visitação gratuita, das 12h às 21h. A mostra é resultado da Oficina de Fotografia com crianças do Projeto Erê, facilitada por Jadir Pereira, com articulação de Keka Rabelo.
A exposição conta com fotografias de Ana Carolina, Bárbara Alessandra, Isaque Mota, Jardilan, Maria Clara, Nicolly Karoline, Raysa Procópio, Sarah Maria e Vagner Jardilan; com a participação de Ayla Nicole, Felipe da Silva, Sofia Emanuelly e Tia Josy; legendas descritivas de Bárbara Lustoza; curadoria das fotos de Jadir Pereira; e montagem de Laís Lira e Victor Satti.