Sem campeonatos para disputar, jogador de Jóquei vende material reciclável para sustentar a família
Através da venda de papelão e plástico, Francisco Silva também tenta pagar tratamento do filho de 12 anos, que teve uma malformação do intestino
26/11/2021 15:12
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A vida do ex-jóquei Francisco dos Santos Silva mudou radicalmente depois que o filho ficou quase três meses em coma, devido a uma malformação no intestino. Sem campeonatos para disputar em meio à pandemia da Covid-19, ele passou a catar materiais recicláveis nas ruas para vender e conseguir sustentar a família e pagar o tratamento do filho, que precisa de cuidados especiais.
Quando a carroça está cheia, Francisco puxa mais de 30 quilos de materiais recicláveis, como papelão e plástico, que ele cata pelas ruas do bairro do Prado, na Zona Oeste do Recife. Quando consegue vender tudo o que está na carroça, consegue entre R$ 60 e R$ 70.
Até o ano passado, a realidade era outra. Apaixonado por cavalos, Francisco era jóquei e participava de campeonatos. Com os prêmios que ganhava, conseguia tirar o sustento da família.
“Passei uma fase muito boa no Jockey Clube de Pernambuco, tive as minhas vitórias. Se algum dia na vida eu tive alguma coisa, tudo foi através do suor dos cavalos”, declarou.
A escassez de campeonatos levou o pai de família a se deparar com a necessidade de encontrar outro jeito de viver. Com a renda de casa diminuindo e os gastos aumentando, a situação ficou ainda mais complicada neste ano.
Em abril, o caçula da família, Bryan, de 12 anos, teve uma crise de dores na barriga e constipação e precisou ser levado para um hospital, onde foi operado no mesmo dia por causa de uma malformação no intestino.
Após complicações, o filho de Francisco ficou em coma. Quando acordou, Bryan já não podia mais se mexer nem falar. “O desespero bateu quando eu o vi nessa situação assim, logo quando ele chegou do hospital. Eu me ajoelhava no chão pedindo a Deus para ter misericórdia do meu filho, para deixá-lo viver”, contou Francisco.
Desde agosto, a dona de casa Paula Pereira da Silva vem aprendendo a cuidar do filho em casa.
“O mais complicado é quando ele está com muita secreção. Tem que aspirar rápido, senão ele sufoca. Se ele tiver acabado de comer uns 20 minutos antes da aspiração, ele fica sem respirar, então tem que ser bem rápido na hora da aspiração. Aprendi a fazer na UTI”, contou a esposa de Francisco.
Antes da doença, Bryan frequentava a escola e acompanhava o pai nas corridas com cavalos. Agora, precisa de cuidados especiais. A casa simples sem reboco foi adaptada com as doações que os pais dele receberam e a ajuda de vizinhos.
Ainda assim, o garoto precisa de fraldas, remédios, fórmulas para alimentação e transporte para consultas e tratamento com fisioterapia. A família ainda não conseguiu benefício para Bryan. Mas Francisco garante que não vai faltar disposição para encarar o que vier pela frente.
“Vou fazer o que estou fazendo, reciclando. Talvez, futuramente, eu volte a fazer o que eu sempre gosto de fazer, que é montar cavalo de corrida”, disse Francisco, que é apaixonado por cavalos e corre com o animal desde os 13 anos.