Na tarde da última segunda-feira (6), o Hospital Regional do Norte (HRN), localizado no município de Porto Calvo, atendeu uma família mineira que estava de férias em Alagoas e que sofreu um acidente de carro, em Matriz do Camaragibe. Aquele era o primeiro passeio da família desde que chegou à capital alagoana, no último sábado (4).
São sete familiares, incluindo uma criança de cinco anos e uma senhora de 61, que trafegavam em uma minivan, que colidiu contra outro carro, quando retornavam de Maragogi para Maceió. Eles receberam o primeiro atendimento em Matriz do Camaragibe, onde ocorreu o acidente, e depois foram encaminhados em ambulâncias para o HRN, em Porto Calvo.
Lincon, Heloísa, Lucimeire, Winderson, Luciana e Luiza realizaram no HRN exames de imagem, mas não precisaram de procedimento cirúrgico. Ficaram em observação e já receberam alta hospitalar. A paciente Lúcia de Fátima, de 61 anos, encontra-se na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, por conta de sua internação, a família está temporariamente hospedada em Porto Calvo.
Em decorrência da colisão, a minivan capotou várias vezes, provocando um trauma cranioencefálico (TCE), com ferimento na face e no couro cabeludo, além de fratura exposta de um dos dedos da mão da paciente Lúcia de Fátima. Foram realizados exames de imagem e cuidados ortopédicos para a redução e estabilização da fratura exposta.
O médico Jairo Xavier explica que a paciente foi direcionada para abordagem em centro cirúrgico e submetida a procedimento de sutura do extenso ferimento. “A paciente apresentava trauma de partes moles em região cranial e fratura exposta de primeiro quirodáctilo D. Durante o primeiro atendimento foi realizada TC [tomografia computadorizada] de crânio, tórax, abdômen, pelve, coluna cervical e torácica, demonstrando lesões apenas de partes moles, sem lesões ósseas, fraturas ou lesões intracranianas. Não apresentou alterações relacionadas a trauma de pelve e nem lesões traumáticas em coluna”, informou.
Após procedimento cirúrgico, Lúcia de Fátima foi encaminhada para a UTI, onde encontra-se em observação e sob acompanhamento pós-cirúrgico. “No momento a paciente encontra-se lúcida, orientada e com boa evolução do quadro geral. Deverá receber alta da UTI nos próximos dias”, esclareceu Jairo.
Lincon, de 36 anos, filho de Lúcia de Fátima, lamenta que o acidente tenha interrompido o passeio, mas agradece pela vida da família e pelo atendimento no HRN. “O momento do acidente foi muito assustador. Minha mãe tinha um ferimento grande na cabeça, muita falta de ar e muita dor. Mas ela teve todo o acompanhamento que precisava aqui [no Hospital Regional do Norte], onde tinha neurologista e ele atendeu minha mãe muito rapidamente. Foram feitos muitos exames em todos da família”, disse Lincon.
Lucimeire, de 54 anos, sogra de Lincon, agradeceu ao HRN pelo atendimento. “Aqui nós encontramos verdadeiros anjos. Fomos extremamente bem recebidos da primeira até a última pessoa que nos atendeu. Senti muito amor, carinho, atenção e cuidado por parte da equipe do hospital. Gostaria de agradecer a todos, inclusive ao psicólogo que nos acolheu e a enfermeira Flávia”, narrou Lucimeire.
“Estamos muito gratos a Deus por ter nos trazido para esse lugar com pessoas amorosas, porque nós estamos muito longe da nossa terra. Então, nós precisávamos muito desse acolhimento”, completou Lucimeire.
O acolhimento no hospital – O psicólogo do HRN, Djalma Lopes, declara que inicialmente os pacientes são atendidos pelos profissionais da saúde da Área Vermelha, que buscam estabilizar o paciente e, em seguida, estabelecem direcionamentos, como exames, cirurgia e transferência para as áreas de internamento.
O atendimento da psicologia na urgência e emergência é semelhante às atuações de desastres. É preciso colher informações com segurança e realizar o acolhimento humanizado, tanto do paciente angustiado como de seus familiares.
Durante este procedimento de estabilização, o psicólogo busca informações com parentes ou acompanhantes das vítimas que vieram ao hospital. O setor de Serviço Social faz este trabalho conjunto na obtenção de informações e é a principal fonte de informações do hospital para ajudar a Psicologia e os demais profissionais a oferecer um atendimento humanizado.
Se, após a estabilização, o paciente apresentar condições física e mental favoráveis, realiza-se o acolhimento emocional, com entrevista curta e objetiva para coletar informações importantes dentro daquele contexto.
“Seja com parentes, acompanhantes ou pacientes, fazemos um trabalho de escuta para saber qual a principal demanda. Assim, podemos reorganizar o estado emocional do paciente ou acompanhantes com informações precisas. É possível obter informações sobre patologias, medicações para repassar à equipe multiprofissional. Sempre primando pelo sigilo e ética profissional”, afirma o psicólogo.
Ele explica, ainda, que o atendimento psicológico na urgência e emergência requer do psicólogo conhecimento teórico sobre atendimento em situações de emergência, identificação com este tipo de atendimento, trabalho pessoal de psicoterapia e outras habilidades.