O Ministério Público de Goiás denunciou dois policiais militares pelo homicídio triplamente qualificado de um jovem com câncer que morreu após uma abordagem, em Goiânia. Testemunhas disseram em depoimento que os PMs deram golpes de cassetetes e empurraram a cabeça de Chris Wallace da Silva, de 24 anos, contra um muro de concreto chapiscado com pedra.
O g1 pediu um posicionamento à Polícia Militar, Secretaria de Segurança Pública e governo do estado por e-mail e mensagem de celular às 13h20 sobre o caso e se os policiais seguem trabalhando nas ruas, e aguarda retorno.
A defesa dos policiais disse que está surpresa com a denúncia feita pelo MP e que os denunciados seguem alegando inocência. “O inquérito militar, que corre paralelamente ao da Polícia Civil, demonstra que há a possibilidade bem real de não ter sido os dois denunciados os autores dessa lesão corporal na vítima. A investigação está apontando que inúmeras viaturas estavam na região”, disse o advogado Danilo Vasconcelos.
O defensor também questiona o fato do MP considerar que o caso foi um homicídio. “Seria uma lesão corporal, no máximo uma lesão corporal seguida de morte”, completou.
Na denúncia, assinada pelos promotores Geibson Rezende, Sebastião Marcos Martins, Felipe Oltramari, Luís Antônio Ribeiro Júnior e Sávio Fraga e Greco, consta que, ao serem interrogados, os dois policiais preferiram ficar em silêncio.
Os promotores destacaram ainda a necessidade da prisão dos policiais militares denunciados. “A medida se faz necessária para a aplicação da lei penal, garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal, uma vez que se trata de delito hediondo, cometido com invulgar ofensa, revelando a crueldade dos executores que praticaram o crime de forma fria e violenta […], sobretudo por se tratar de crime doloso contra a vida, com testemunha ocular que reconheceu os denunciados como autores das agressões”, diz o documento.
Câmeras de segurança registraram quando Chris Wallace e um amigo passam por uma rua do Residencial Fidélis, no dia 10 de novembro deste ano. Momentos depois, uma viatura se aproxima dos dois. Os equipamentos de segurança não registram o que aconteceu depois.
Testemunhas ouvidas pela Polícia Civil disseram que viram a vítima ser agredida com vários golpes de cassetete e ter a cabeça batida contra o muro. A mãe e irmã de Chris, que lutava contra um câncer, disseram que ele chegou em casa muito machucado, vomitando sangue e teve uma convulsão.
O relatório médico atestou que ele teve traumatismo na cabeça por espancamento, contusões no abdômen e nos pulmões.
Por causa da gravidade dos ferimentos, o jovem precisou ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu e morreu seis dias depois.