Brasil

Suspeito de matar namorada já havia tentado matar uma ex, diz polícia

Segundo apurado pelo g1, ex-namorada registrou boletim de ocorrência contra ele, mas não seguiu com representação criminal. Homem é suspeito de matar a atual namorada e segue foragido.

Sandra foi morta na própria residência, e namorado é principal suspeito de matá-la em São Vicente, SP — Foto: Reprodução/Facebook

O suspeito de matar a companheira em São Vicente, no litoral de São Paulo, já tinha um boletim de ocorrência registrado contra ele, por parte da ex-namorada, que o acusou de tentar matá-la em 2018, segundo confirmado pela Polícia Civil ao g1. À época, a ex-companheira de Carlos Alberto de Abreu, de 50 anos, apesar de ter feito o registro, não prosseguiu com a representação criminal.

A atual namorada de Carlos, Sandra Ribeiro, de 53 anos, foi achada sem vida na própria residência. Câmeras de monitoramento o flagraram no imóvel no dia do crime. A Polícia Civil registrou o caso como feminicídio, e após solicitação da autoridade policial, a Justiça decretou a prisão temporária dele, mas ele seguia foragido até a última atualização desta reportagem.

“Quando pesquisamos os boletins no nome dele, tem um B.O de outubro de 2018, de uma vítima [ex-namorada] que relata que em setembro daquele ano, um mês antes do registro, ele tentou matar ela por estrangulamento, mas ela acabou lutando e conseguiu fugir”, diz o delegado assistente da Delegacia de Defesa da Mulher de São Vicente, Lucas Santana dos Santos, que está à frente do caso.

Apesar do registro, a ex-companheira não prosseguiu com a denúncia à época. Além do histórico de agressão, o delegado informou que o investigado, em algumas ocasiões, se apresentava para família de Sandra pelo nome de Caio.

Conforme apurado pelo g1, Carlos e Sandra já estavam juntos há pouco mais de um ano e, segundo informado por testemunhas à Polícia Civil, ele já havia a agredido anteriormente, mas os filhos não sabiam disso.

O corpo da vítima foi sepultado no Cemitério da Areia Branca, em Santos, na tarde da última terça-feira (7). Segundo publicado pela família, não houve velório, devido ao avançado estado de decomposição do corpo.

Investigações
Em entrevista ao g1 o delegado explicou que analisou imagens de câmeras de monitoramento. “Nesta terça pela manhã, conseguimos imagens do condomínio onde a vítima morava, e conseguimos ver que, por volta da 1h10 da madrugada de domingo [data do crime], eles [ela e o namorado] chegaram juntos de carro. Ele desceu e abriu o portão da casa, aí ela entrou com o carro e ele entrou a pé em seguida”, diz a autoridade policial.

Depois, segundo o delegado, por volta das 2h36, o suspeito saiu da casa sozinho, com uma bicicleta e uma mochila. “Depois, acompanhando as imagens, vemos que o filho entra na casa por volta das 16h desta segunda-feira, que foi o horário em que ele encontrou a mãe já morta e acionou a polícia”, explica.

Segundo a autoridade policial, já foi decretada a prisão temporária do namorado da vítima. “Desde que aconteceu os fatos, ele [suspeito] sumiu, e estamos trabalhando para localizá-lo”, afirma.

O delegado também afirma que aguarda os laudos periciais para determinar a causa da morte. “Pela conversa inicial que tive com o médico, ela tinha uma lesão na cabeça, e também pode ter sido asfixiada depois. Já solicitamos os laudos e aguardamos os resultados”, diz.

Filhos não sabiam de agressões
Uma parente de Sandra, que preferiu não se identificar, relatou ao g1 que uma vizinha da vítima contou à família que a mulher havia sido agredida pelo namorado antes, mas pediu que ela não contasse a ninguém. “Essas informações sobre as agressões os filhos não tinham, todos souberam agora, pelos vizinhos. Ninguém nunca havia comentado com os filhos sobre isso. Mas, foi confirmado pelos vizinhos, sim, tanto que uma delas ouviu [barulho] no dia do acontecido, e não chamou a polícia. As pessoas, infelizmente, acabam se omitindo quando se trata de violência doméstica”, afirmou a familiar.

No fim de semana, segundo apurado pelo g1, os dois filhos de Sandra que moravam com ela não estavam em casa. Um deles estava viajando, e o outro só retornou à residência nesta segunda-feira, data em que a encontrou e acionou o Samu e a polícia.

“Ela era uma pessoa incrível, atenciosa, muito presente. Espetacular. Só queremos que a justiça seja feita”, conclui a familiar.

Relembre o caso
Conforme apurado pelo g1, a PM foi acionada por volta das 16h30 e se dirigiu ao condomínio onde a vítima morava, localizado na Avenida Minas Gerais, no bairro Vila Voturuá, após ela ser localizada pelo filho.

Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Rede Globo, a cabo Marília, uma das policiais que atenderam à ocorrência, explicou que a equipe foi acionada via Copom para um encontro de cadáver.

“Chegando ao local, encontramos o filho da vítima, que estava tentando contato com a mãe desde sábado, mas não teve resposta. Ele chegou hoje à tarde, sentiu falta da mãe, o quarto estava trancado, e quando ele olhou pela fresta da fechadura, viu o pé da mãe”, diz.

Segundo a policial, o filho da vítima, então, arrombou a porta e encontrou a mãe. “Ela já estava sem vida. Ela tinha marcas no pescoço”, diz a cabo.

Em nota, a Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), informou que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atendeu ao chamado, na tarde desta segunda, de uma mulher em parada cardiorrespiratória, mas, chegando ao local, foi constatado que a paciente já estava em óbito evidente. O Samu acionou a PM, que por sua vez mobilizou a Polícia Civil para prosseguir com a ocorrência.

O caso foi registrado como feminicídio na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Vicente e segue sob investigação.