Futebol

Investidor do Botafogo viveu janela recorde no Crystal Palace e tem a confiança de torcedores: ‘Ama futebol’

A notícia de que o Botafogo havia sacramentado um acordo para a venda de sua Sociedade Anônima de Futebol (SAF) foi o grande presente de Natal de uma empolgada torcida alvinegra. Um dos principais sócios do Crystal Palace, da Inglaterra, que disputa a Premier League, o empresário norte-americano John Textor, de 56 anos, fechou a aquisição do futebol com plano de investimento de R$ 410 milhões. Se hoje pouco se sabe sobre os planos do investidor, conhecido pelo interesse em futebol e nas áreas de realidade virtual, um exercício de observação sobre o clube londrino pode trazer algumas perspectivas à tona.

Desde 2013 na Premier League, o Crystal Palace é um dos vários clubes da elite do futebol inglês baseados na capital do país. Mas ao contrário dos “vizinhos” Chelsea e Arsenal, tem galeria de conquistas tímida. Venceu a segunda divisão nas temporadas 1978/79 e 1993/94, mas seu melhor resultado na elite foi uma terceira colocação em 1990/91. No principal desempenho recente, foi vice-campeão da tradicional Copa da Inglaterra, em 2016, para o Manchester United. Por conta disso, não acumulou um grande quantitativo financeiro e seguia, até pouco tempo, com investimentos modestos.

A situação mudou com a chegada de Textor. Em agosto, o clube anunciou que o empresário se juntaria a Steve Parish, Josh Harris e David Blitzer na condição de investidor e diretor, após adquirir parte de suas ações. O que se viu foi uma mudança na mentalidade dos londrinos no mercado. Depois de anos de uma condução de futebol mais cautelosa, o clube viveu a maior janela de transferências de sua história.


Foram pelo menos seis reforços de peso até o início de setembro, sob investimento de 67 milhões de libras (cerca de R$ 510 milhões) para a nova temporada. Apostou em um novo técnico, Patrick Vieira, para substituir o tradicionalista Roy Hodgson. No elenco atual, renovou com poucos dos 22 jogadores em fim de contrato, aliviando a folha salarial para as novas chegadas.

— O investimento de Textor parece estar relacionado às contratações do verão. O Palace não é um clube rico, precisava ter certeza que seus investimentos eram prudentes e dentro do orçamento. O clube tinha muitos jogadores sem contrato, então acredito que havia um plano para se colocar mais dinheiro no elenco. O investimento de Textor parece ter sido de grande influência — diz Robert Sutherland, torcedor do Crystal Palace e membro do podcast e revista digital FYP, especializado na cobertura do time.

Comprometido

Textor é presente e engajado ao clube. Em suas redes sociais, se diz torcedor e aparece frequentemente assistindo aos jogos. Por respeito à instituição, ele nunca divulgou a fatia das ações que tem. Na época da aquisição, as notícias rondavam entre 18 e 40%, sob investimento de 87,5 milhões de libras (R$ 664 milhões).

“Minha porcentagem nunca foi divulgada publicamente. Nenhuma das discutidas na imprensa está correta e isso não importa. Eu estou apenas feliz de ser parte da família Palace”, escreveu em seu perfil no Twitter, em outubro.

Foi pela mesma rede social que o empresário fez o primeiro aceno público aos torcedores do Botafogo: respondeu a um tuíte com foto de ídolos e troféus do alvinegro, com direito “Feliz Natal” em português: “Obrigado pela foto (dos troféus) como lembrança!”.

— Nossa experiência com o John é a de que ele ama futebol e quer ser parte da história dos clubes. Podem esperar alguém que vai aprender sobre a história e respeitá-la. Os torcedores do Botafogo gostarão também de suas interações nas redes sociais — destaca Sutherland.

Entre as ações de Textor, Robert Sutherland lembra quando o empresário doou recursos para que um clube de Gana, criado em homenagem ao Palace, pudesse comprar uniformes e equipamentos. O americano também deu 10 mil libras a uma campanha de caridade que os torcedores realizam na comunidade.

— O John parece estar interessado em criar parcerias entre clubes. Pode ser que o Crystal Palace e o Botafogo troquem ideias, metodologias e até jogadores. Ele fala muito sobre a comunidade e parece querer investir em clubes que já têm essas comunidades. Nós vemos no Twitter o quão apaixonados são os torcedores do Botafogo. Parecem combinar bem com os do Palace — avisa.